Moda e arte na periferia

Projeto Arrastão organiza oficinas, atraindo jovens de bairros da zona Sul da cidade de São Paulo


O projeto Arrastão surgiu em 1968, com um grupo chamado Clube de Mães que ensinava trabalhos manuais em um barracão no Campo Limpo às mulheres da comunidade. Com a capacitação, essas mulheres conseguiram emprego e passaram a necessitar de um espaço para acolher suas crianças durante a jornada de trabalho. O barracão se transformou, então, em uma organização com o nome de Arrastão – Movimento de Promoção Humana – para receber os filhos das trabalhadoras.

O artista plástico Nino Cais trabalha na ONG há dez anos e teve a idéia de oferecer o curso de moda para os jovens da região. “O trabalho é mais conceitual do que técnico. Dou noções de história da moda, da arte e estimulo a criação”, explica Nino. A evolução do pensamento dos jovens pode ser vista ao longo do curso, segundo o professor: “Eles passam a se vestir de maneira mais criativa e criam gosto pela arte”.

A Oficina é oferecida semestralmente, duas vezes por semana em aulas de duas horas. Não é um curso técnico. São aulas sobre moda, que podem despertar ou não o interesse do aluno pelo tema. De lá já saíram alguns casos de êxito, como o de Jailson Freitas, monitor da Oficina de Moda e um dos estilistas da marca Coletivo que desfilou na última edição da Casa dos Criadores.

Os alunos do Projeto Arrastão já conseguiram visibilidade. Sarah Kalili, organizadora do Teen Fashion, evento de moda voltado para marcas adolescentes, convidou a ONG para participar dos desfiles. Os alunos desenvolveram peças em jeans e em malha na edição de inverno 2006. Participaram também do evento de moda infantil que aconteceu no Shopping Jardim Sul.

Além da participação nos desfiles, a ONG promove desfiles de moda na região, além de atender pedidos das grifes Raya de Goye e Karlla Girotto, que buscavam um trabalho customizado.

A estilista Karlla Girotto já desenvolveu trabalhos de moda na periferia para um projeto da prefeitura, e participa do Projeto Arrastão dando palestras para os alunos da Oficina de Moda. Também reverte à ONG parte da renda de bazares que promove.

A Oficina de Moda, bem como os projetos do Arrastão, dependem de ajuda para serem mantidos. Os tecidos chegam por meio de doações, assim como as máquinas de costura. Hoje, a ONG beneficia mais de 1,1 mil pessoas – entre crianças, adolescentes e adultos – dos bairros do Campo Limpo, Jardim Maria Sampaio, Jardim Helga, Jardim Ângela, Valo Velho, Capão Redondo e adjacências.

Há três anos o Projeto Arrastão dá noções de moda e artes para jovens de bairros da zona Sul de São Paulo. O curso ministrado pelo artista plástico Nino Cais busca criar consciência crítica e gerar discussão entre os alunos usando a criação como pano de fundo.