Se confirmada a projeção da Abit, divulgada a semana passada, valor representará queda de quase 7% sobre 2012.
Os números ainda não estão completamente fechados, mas, a expectativa da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) indica que o faturamento do setor em 2012 deva rondar US$ 56,7 bilhões, volume que representa recuo de 15,72% sobre os US$ 67,3 bilhões de 2011, em parte explicado pela depreciação do real frente ao dólar. Tomando o preço médio de R$ 1,95 por dólar, adotado pela entidade para os cálculos, em reais, a queda registraria 6,7%, caindo de R$ 118,5 bilhões, em 2011, para R$ 110,5 bilhões, em 2012. Com a avaliação de que o faturamento de 2013 cairá 6,5%, alcançando US$ 53 bilhões, seria o segundo ano consecutivo de queda depois de um período de curva crescente desde 2005, apenas com um leve tropeço em 2009.
De acordo com a Abit, a desaceleração dos negócios refletiu no nível de ocupação do setor. Em 2011, a indústria manteve 1,6 milhão de postos de trabalho ativos, e cortou 136 mil deles ao longo de 2012, encerrando o ano com 1,5 milhão de vagas preenchidas. A análise é de que 2013 possa ser um ano melhor, auxiliado por dois grandes eventos a serem realizados no Brasil entre junho e julho – a Copa das Confederações de futebol (de 15 a 30 de junho, em cinco cidades) e a Jornada Mundial da Juventude (grande encontro de jovens católicos marcado para 23 a 28 de julho no Rio de Janeiro). Também são considerados pontos positivos para o ambiente de negócios dessa indústria os efeitos da desoneração da folha de pagamento, a redução dos custos de energia elétrica anunciada pelo governo federal, a renovação do Reintegra e a ampliação da margem de preferência pelos produtos nacionais nas compras do governo.
A área que mais preocupa os interesses do setor tem sido o aumento constante das importações, que combinado ao baixo nível das exportações, deixou a indústria com déficit de US$ 5,3 bilhões em 2012, pelas contas iniciais. No período, o Brasil comprou US$ 6,5 bilhões em artigos importados, algo como 11% do faturamento, contra US$ 2 bilhões importados em 2006, que representavam 6,52% dos US$ 31,2 bilhões registrados naquele ano.
Para combater o que considera aumento predatório da importação, a Abit encaminhou em agosto um pedido de salvaguarda para 60 produtos, para o qual o Departamento de Defesa Comercial do governo federal solicitou mais dados e, só de posse deles, avaliar se acata a investigação de danos comerciais. Em outra frente, a entidade setorial prepara um documento propondo um regime tributário especial para as confecções de vestuário. A demanda do RTCC (regimento tributário competitivo para confecções) é reduzir a carga que incide sobre receita bruta, calculada em 18%, na média, para algo entre 5% a 10%. Dessa forma, a Abit acredita que estaria resolvido um gargalo produzido pela legislação atual do Simples e que engessa a expansão. Como o teto para enquadramento no regime é de R$ 3,6 milhões de faturamento por ano, muitas confecções de porte se desdobraram em diferentes empresas e limitaram o crescimento para se manterem enquadradas no Simples Nacional.