Consultora inglesa afirma que o envelhecimento da população de regiões desenvolvidas, como Estados Unidos, Japão e Europa, começa a alterar o equilíbrio mundial das vendas de denim
A Europa Ocidental responde por 22% das vendas mundiais de jeans. Mas essa participação tende a recuar em função de alguns fatores. “A economia européia não está bem, o que inibe o consumo e força a queda dos preços. Além disso, o tamanho da população de países desenvolvidos da Europa ou do Japão está em declínio por força do próprio envelhecimento dela. O movimento é diferente nos mercados em desenvolvimento, como China, Índia, Paquistão e os da América do Sul, onde a população cresce, a renda per capita vem crescendo, refletindo no aumento de consumo e alterando o equilíbrio mundial”, analisa Ros Hibbert, sócia da empresa de consultoria inglesa Line, que esteve no Brasil a convite da Tavex.
Em função desse cenário global, grandes marcas de jeans se voltam para ampliar presença nos mercados emergentes, destaca Ros. No mercado europeu, o desafio dessas empresas “é convencer os jovens de que o jeans continua sendo legal, apesar de ser usado pelos pais e avós”, afirmou a consultora na palestra que deu a semana passada, em São Paulo (SP) durante o eento de lançamento da coleção e inverno 2009 da Tavex.
Não por acaso, diz, as marcas mais bem-sucedidas têm sido aquelas capazes de se aproximar do universo jovem com campanhas de marketing consistentes, coleções marcantes e personalidade da marca bem definida. Outra medida adotada pelas grifes européias de sucesso foi ter suas próprias lojas para atender o varejo. “Foi a forma que encontraram para controlar melhor o nível de exposição que os produtos terão”, destaca Ros.
De acordo com a consultora, os principais direcionadores de mercado na Europa são, pela ordem: preço; imagem da marca; fit; inovação em cor e lavagens; aspectos que demonstrem preocupação ambiental e social.
No Brasil pela primeira vez, Ros fez uma análise do que viu de passagem. “A parte de comunicação, de mostrar a personalidade da marca, creio que poderia ser melhorada. As marcas brasileiras poderiam ter um marketing mais específico que destacasse a individualidade de cada uma, fazendo uma separação clara entre elas”, disse. E acrescentou: “As marcas top estrangeiras que são vendidas no Brasil acabam sendo mais bem sucedidas que as tops locais justamente porque elas têm características de marketing muito bem definidas”.
SIGNPOSTS
Na palestra, a consultora também destacou sinalizadores de como o mercado deverá evoluir, baseada em pesquisa realizada duas vezes ao ano.
*O papel da biotecnologia na indústria têxtil
:: bio têxteis – manchas causadas pela ação de fungos têxteis
:: estampas produzidas pela ação de bactérias, que como continuam ativas vão alterando a forma
:: colorindo com microorganismos, que produzem manchas de cores diferentes pela ação do mofo e das bactérias
:: mostrou jaqueta feita com denim cuja composição incluiu o uso de cultura de bactérias de celulose e tingimento com índigo natural
:: tecido feito pelo processo de fermentação do vinho
:: tinturas à base de plantas
*A contribuição da nanotecnologia
:: tecidos térmicos, mais leves e flexíveis, de modo a acompanhar as mudanças climáticas
:: Aerogles – desenvolvida pela Nasa para trajes espaciais, a tecnologia funciona para isolar calor em acessórios para ambientes de temperatura muito baixas, sendo aplicada por fabricante de roupas, calçados, artigos esportivos
:: membrana especial de memória que incorpora e faz a troca de calor
:: fibras de prata, como conduzem calor em temperaturas baixas estão sendo incorporadas a tecidos usados para fazer underwear; como produzem calor em áreas específicas do corpo podem ser direcionadas para uma pessoa ou para atividades específicas
*Baixa tecnologia
:: tecidos que usam a mistura de algodão com paina
:: peles de animais
*Ações de sustentabilidade
:: local como contraponto ao global: exemplo é a iniciativa da grife britânica Izzy Lane de fornecer lã de ovelhas deficientes cujo destino seria o abate; a lã é tecida por produtores da região onde fica o rebanho; as roupas produzidas nas imediações e vendidas pela internet
:: estímulo a compras regionais: tendência que faz sentido para a Europa, onde os centros de produção estão distantes dos centros de consumo, especialmente em relação a alimentos. “Não é o caso do Brasil, onde a produção está próxima”, destaca Ros
:: comércio alternativo, como forma de revitalizar comunidade locais
*Outras direções
:: premium: o luxo garantindo a exclusividade, como o jeans sobre o qual são aplicados diamantes, cuja procedência recebe inclusive certificado de autenticação
:: customização
foto: GBLjeans