Roupa de plástico no lugar de ar condicionado

Pesquisadores da universidade Stanford desenvolveram um tipo de tecido à base de polietileno nanoporoso que dissipa o calor do corpo em duas frentes.

Oito pesquisadores da universidade Stanford, nos Estados Unidos, estão debruçados sobre um projeto que pode representar um importante passo para a indústria têxtil. Eles criaram um protótipo de tecido à base de polietileno nanoporoso (nanoPE) modificado que melhora a dissipação do calor do corpo humano, deixando a pessoa com sensação de frescor na pele mesmo em dias muito quentes. Sem sentir calor, as pessoas tenderiam a depender menos de manter o ar condicionado ligado em locais fechados, como prédios comerciais, ajudando a economizar energia, avaliam os cientistas.

O projeto foi descrito em artigo publicado na edição de setembro da revista Science. Ali, os pesquisadores explicam como funciona o tecido plástico. O novo material têxtil elimina o calor do corpo na forma de suor. Até aí nenhuma novidade, pois, é algo que os tecidos tradicionais já fazem, inclusive os sintéticos submetidos a tratamentos especiais. A inovação do tecido de Stanford está na capacidade de permitir que o calor que o corpo emite como radiação infravermelha flua através do plástico. Segundo explicam os cientistas, a pele humana emite essa luz invisível constantemente, irradiando calor para o ar.

COMO CHEGARAM
O tipo de plástico usado na pesquisa está disponível comercialmente, sendo muito empregado em baterias como isolante, para evitar curto circuito. Os pesquisadores se interessaram por esse material por ser opaco à luz, mas que permite à radiação infravermelha passar através dele quando é transformado em filme plástico – semelhante àquele que se usa na cozinha de casa para embalar alimentos. Nessa versão, a melhor propriedade dele é vedar o alimento para conservar por mais tempo. Para fins têxteis, contudo, os pesquisadores tiveram que tratar química e mecanicamente o polímero, que foi perfurado em nano poros para torná-lo permeável à água, como o algodão. Dessa forma, o material dispersa radiação térmica, ar e vapor de água, além de ser opaco à luz.

PRÓXIMOS PASSOS
Por enquanto, o nanoPE, como foi batizado, é uma placa reta feita de duas bases de plástico modificado com um recheio de manta de algodão; praticamente um sanduíche soldado. Entre os próximos desafios apontados pelos pesquisadores está trabalhar o material a fim de obter a maleabilidade própria dos tecidos e textura mais suave à pele.

Também pesquisam introduzir cores variadas. No artigo que publicaram, apontam para tonalidades possíveis como azul royal e ferrugem. Ao jornal Washington Post, o líder do projeto, professor Yi Cui, afirma que o futuro do novo tecido depende ainda de desenvolver um modelo de produção de baixo custo e em larga escala. Mas, que ele acredita ser possível apresentar os primeiros resultados no verão de 2019 nos Estados Unidos.