Em plena era dos lançamentos online, núcleo chique do circuito internacional discute como evitar a frustração criada pelo delay entre o anúncio e a chegada dos produtos ao varejo.
Com praticamente um mês de desfiles, de uma semana de moda engatilhada na outra como essa temporada de lançamentos da primavera do hemisfério norte, voltam à cena os questionamentos se o modelo atual não está saturado. O núcleo chique do circuito internacional – New York, Londres, Milão e Paris – vem sendo realizado na atual temporada sob bombardeio de críticas de todos os lados. Sob o impacto da cultura digital e da divulgação online das coleções para o mundo inteiro, estilistas, lojistas e consumidores já não vêm mais sentido na divisão de coleções por estação.
Primeiro porque os impactos das mudanças climáticas alteraram de maneira definitiva a variação que o planeta conhecia – verão, primavera, outono, inverno – e que sempre foi mais pétrea no hemisfério norte do que nos trópicos. Depois, diante de lançamentos globalizados e simultâneos fica a sensação frustrante para o consumidor de ter que esperar meses até pôr as mãos no item cobiçado, ficando a inevitável impressão de que já não se trata mais de uma novidade, sem contar a inadequação de itens de frio para consumidores que moram em cidades com dias de sol severo.
E com a economia ainda andando capenga na Europa e nos Estados Unidos, as grifes não querem perder vendas em outros mercados, para os quais têm traçado planos de expansão, interessadas no dinheiro que flui sobretudo dos países do bloco BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e que poderia alterar o tradicional perfil de estação das coleções.
Outro motivo econômico que páira como ameaça para o sistema atual das semanas de moda também tem a ver com o espaço entre o lançamento e a efetiva entrega para as lojas. Necessário para o fluxo industrial de entrada de pedidos e a programação de produção, esse prazo tem dado margem para que novidades apresentadas em passarelas sejam queimadas por versões expressas fabricadas por cadeias de lojas de departamento, deixando a impressão de que as grifes estão a reboque da moda. Por enquanto, só há críticas, sem proposta para um modelo viável de substituição.