Real e Itaú criaram linhas de crédito que garantem oferecer condições mais favoráveis que as apresentadas pelos produtos tradicionais
As opções de linhas de créditos diferenciadas para soluções socioambientais nas empresas oferecem prazos e taxas menores e refletem uma nova postura das instituições financeiras. A instalação de um sistema de reúso de água ou a instalação de placas para captação de energia solar estão mais acessíveis, segundo a superintendente de produtos socioambientais do ABN Amro Real, Linda Murasawa. Opinião compartilhada pelo representante do concorrente Itaú, Luis Antonio França.
Os dois bancos dispõem de linhas de crédito em condições favoráveis para implantação de sistemas socioambientais corretos. O foco desses financiamentos são empresas de pequeno e médio porte, incluindo o microcrédito. Os empréstimos de grande porte só serão feitos às empresas que se comprometerem com questões sociais e ambientais.
O Real tem um departamento especializado no assunto e oferece ampla orientação para a empresa adotar as boas práticas de responsabilidade corporativa desde o início e para convencer o tomador de que as causas socioambientais devem ser encaradas como um investimento e não apenas medidas que refletem a boa índole do proprietário. Mesma atitude é tomada para os tomadores de menor porte. No caso do Itaú, o negócio é fechado mediante a aprovação das respostas de um questionário sobre impacto ambiental.
As linhas de crédito socioambientais do ABN Ambro Real se tornaram um grande gancho publicitário para o banco. Além dos produtos tradicionais como empréstimos para instalação de filtros em fábricas e tratamento de esgoto, o banco criou medidas para solucionar problemas de empresas que já apresentam passivos ambientais e, por isso, tendem a perder o crédito com as instituições financeiras. “No caso de solos contaminados, por exemplo, estimulando a empresa a rever seu erro contribuímos para que ela continue a funcionar, evitando assim o desemprego de seus funcionários”, explica Murasawa.
As linhas de crédito que estimulam atitudes socioambientais corretas vêm crescendo desde 2003 quando o Banco Mundial e a IFC (International Finance Corporation) estabeleceram, em conjunto com uma série de bancos privados, os Princípios do Equador. Esse acordo definiu entre outras medidas que os bancos participantes não poderiam financiar projetos de fábricas de armas, empresas que exploram o trabalho infantil, praticam o corte ilegal de madeira, trabalham com material radioativo e maltratam o meio ambiente. Os financiamentos de projetos acima de US$ 50 milhões teriam que seguir critérios de análise de risco socioambiental.
Foi um começo para a humanização das instituições financeiras. Hoje, o Itaú e o Real, entre outros bancos, têm mais dois alicerces além do lucro: desenvolvimento social e ambiental. No entanto, os dois alicerces mais recentes não deixam de avalancar o primeiro. Em 2005, o Itaú concedeu empréstimos médios de R$ 60 mil para 2,7 mil empresas e o Banco Real foi o primeiro brasileiro a aparecer no índice Dow Jones de sustentabilidade.