A previsão do atacadista é implantar o marketplace ainda neste segundo semestre, com os lojistas movimentando o estoque da empresa
Maior atacadista do país em roupas para bebês a adolescentes, a Brascol prepara mais um passo dentro do ambiente digital. Vai lançar um marketplace ainda neste segundo semestre a ser ocupado pelos lojistas que já são clientes. Batizado de franquia digital, o modelo foi planejado para que pequenas multimarcas possam montar suas próprias lojas online usando o estoque da Brascol, conta ao GBLjeans, Antonio Almeida, superintendente que vem comandando a transformação da empresa desde o final de 2013. A ideia é ter dois ou três formatos de lojas para eles escolherem, pagando mensalidade entre R$ 80 e R$ 100 pela hospedagem.
Pelo desenho da operação, o consumidor compra do lojista que recebe o produto na loja física entregue pela Brascol. A entrega da mercadoria ao cliente final será de responsabilidade do lojista, explica Almeida. Segundo ele, faltam ainda ajustes finais de interface e integração ao sistema de gestão (ERP) para o lançamento do sistema. “Nós vamos ganhar em giro de estoque”, diz o superintendente. Desde a implantação da tecnologia de RFID, rastreamento de mercadorias por radiofrequência, a Brascol opera com estoque único que atende todos seus canais de vendas: as duas lojas de pronta entrega no Brás, o ecommerce para lojistas e o televendas e abastecerá também as franquias digitais.
AMBIENTE COMPLEXO PELO TAMANHO DAS OPERAÇÕES
No estoque, a Brascol movimenta 60 mil SKUs entre itens de vestuário, puericultura e brinquedos. As duas lojas físicas são enormes: a maior ocupa prédio de 10 mil metros quadrados e outra tem 4 mil metros quadrados, equipadas com tecnologia de ponta, como o sistema que permite ao lojista conferir em seis segundos o valor do que colocou no carrinho antes de passar pelos caixas. “Muitos definem previamente o valor que vão gastar. Assim eles sabem em tempo real, se podem gastar mais, ou precisam tirar mercadoria”, esclarece Almeida. Essa medida agilizou também o atendimento nos caixas.
O atacadista tinha 30 mil clientes cadastrados pelas lojas físicas e pelo televendas, quando lançou vendas online para lojistas há dois anos. De lá para cá, essa base dobrou de tamanho. “É quase um programa de inclusão digital do governo”, brinca o superintendente. Ele atribui esse crescimento acentuado ao momento da economia. “Muitos se aventuraram na iniciativa privada”, avalia o executivo.
Embora superlativo em cadastrados, o ecommerce tem ainda participação pequena sobre o faturamento da empresa. Em torno de 2%, informa Almeida, sem revelar o valor da receita movimentada anualmente pela Brascol. E das compras online, 30% já são concluídos usando celulares, observa ele. O avanço requereu medidas de incentivo aos vendedores, tanto das lojas físicas quanto do televenda, que recebem comissão pelas compras realizadas por seus clientes pela internet.
NOVOS PROJETOS EM ANDAMENTO
Entre os sistemas em desenvolvimento, a Brascol vai começar a testar a instalação de terminais de auto-atendimento, pelos quais os lojistas podem desde escolher as mercadorias que querem comprar a fechar a conta e selecionar como querem receber as mercadorias. Eles podem retirar na própria loja onde fizeram o pedido; ou indicarem se querem que os artigos sejam entregues no hotel onde estão hospedados; no ônibus que os trouxeram para a loja, e que ficam distribuídos em dez estacionamentos diferentes do Brás; ou se querem despachar por transportadora.
Ainda dentro das lojas, os vendedores vão começar a usar tablets quando estiverem acompanhando clientes nas compras, de modo a traçar a rota de seleção de cada lojista, tempo gasto em cada zona, e assim por diante. O próximo passo previsto é o desenvolvimento de um app para o cliente usar pelo celular, que alertaria para produtos em promoção dentro da loja ou na zona em que ele está, por exemplo, explica o superintendente.
Outro projeto é o Brascol Regional, cujo calendário vai ganhar velocidade neste segundo semestre. São eventos regionais para apresentar a coleção e mostrar produtos, além de treinar os lojistas para comprar pelo ecommerce do atacadista, conta Almeida. O primeiro evento foi realizado em Mogi das Cruzes, cidade próxima da capital paulista, com bons resultados.
Também está prestes a ser concluída a ratificação de cada um dos fluxos de processos da empresa inteira que tem 400 funcionários diretos e cujo mapeamento começou há dois anos. O trabalho de validação desses workflow está a cargo de auditoria externa.
EXPECTATIVA
Segundo Almeida, a receita do primeiro semestre de 2018 empatou com o arrecadado nos primeiros seis meses do ano passado. Já o segundo semestre começou com vendas em queda em julho, o que fez aumentar os estoques de itens de inverno. Mas a avaliação é que a incerteza em torno da eleição presidencial tem prejudicado o ambiente de negócios mais do que a falta do frio. Definido o presidente, a tendência é a estabilidade voltar, avalia o executivo.