O projeto de norma, que está em discussão no fórum da vestibilidade, organizado como atividade no âmbito da FIT 0/16, feira que termina nesta sexta-feira, 19, segue para consulta nacional
A partir de outubro, o Brasil deverá homologar um padrão de medidas para roupas de bebês, crianças e adolescentes. Desenvolvido em parceria da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário) com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o projeto de norma será lançado para consulta nacional, aceitando votos e sugestões de empresas e consumidores até setembro.
Os projetos de padronização de medidas masculinas e femininas estão previstos para serem concluídos em setembro e novembro, respectivamente. Durante a FIT 0/16, feira que teve início ontem, 6, e segue até esta sexta-feira, foi organizado o Fórum de Vestibilidade Bebê Infanto-Juvenil, reunindo representanes da ABNT, da Abravest, de confecções, de lojistas e de grandes magazines.
A proposta da norma infanto-juvenil baseia o cálculo das medidas no tamanho do corpo, abandonando a tradicional grade associada à idade. Mesmo reconhecendo as diferenças de constituição da população entre as regiões brasileiras, a tabela de medidas foi feita a partir da média nacional obtida em pesquisas realizadas ao longo do último semestre, e na qual a principal referência é a estatura de crianças e adolescentes.
Ainda que homologada, a norma não tem força de lei, ou seja, a adesão é voluntária. Para estimular a adoção do padrão nacional para o segmento, a Abravest criou um programa voltado para pequenas confecções que sejam associadas da entidade. Essas empresas receberão gratuitamente uma versão dentro dos novos parâmetros dos moldes com os quais trabalham. A associação vai contratar modelistas para que refaçam os moldes de acordo com a norma e com o maquinário disponível na confecção.
Grandes magazines serão os primeiros a adotar
Como vantagens, o projeto prevê uma redução de desperdícios de tecido nas confecções e a diminuição de troca de mercadorias nas lojas por erro de tamanho, além do aumento da compra de produtos por meio da internet, já que, com as medidas padronizadas, o consumidor corre menos riscos de adquirir peças inadequadas, avaliam as entidades.
“A numeração das roupas caiu no descrédito, já que, hoje, você compra peças do mesmo número em marcas diferentes e as medidas são variadas. O consumidor tem que passar muito tempo no provador para não correr o risco de levar a peça errada. Com a padronização das medidas esse tempo de atendimento será bastante reduzido”, comenta o presidente da Abravest, Roberto Chadad.
De acordo com ele, os grandes magazines, que representam 23% do setor de vestuário no Brasil, comprarão peças dentro dos padrões a partir de outubro. “O tempo de atualização das marcas não pode ser previsto, pois, é preciso desovar o que já foi produzido para que as peças dentro dos padrões possam ter a produção iniciada”, explica Chadad.
Para a composição da tabela, que indica medidas de 24 partes diferentes do corpo, foi utilizada a ajuda de médicos anatomistas, ortopedistas, modelistas, profissionais de escolas de modelagem e, até mesmo, especialistas do Exército brasileiro e do IML (Instituto Médico Legal), fornecendo informações estatísticas e de modelagem. Entre as medidas inclusas no projeto estão estatura, tórax, cintura, extensão lateral da cintura, comprimento do tronco anterior, comprimento de cintura a joelho, perímetros de pulso e pescoço.
De acordo com Maria Adelina Pereira, engenheira têxtil e gestora do Comitê Brasileiro de Têxteis e Vestuário da ABNT, o ideal seria que as confecções dessem mais referências de medidas nas etiquetas, além da estatura. “Hoje, o Inmetro exige a identificação de apenas uma medida nas etiquetas de roupa. Se junto com a referência de estatura houver, por exemplo, a referência da medida de tórax, fica bem mais fácil avaliar se o tamanho da peça está de acordo”, explica Maria.
foto: GBLjeans
