Fundação de Santa Catarina fará a conceituação do empreendimento Confecção do Futuro levando em conta a concorrência de mercados externos, como a China.
A CERTI – Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras de Florianópolis (SC) foi escolhida pela Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) e ABDI (Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial) para coordenar o projeto Confecção do Futuro que tem como objetivo a modernização do setor e que também tem a participação do Senai Cetiq.
A Fundação é especializada no estudo de segmentos industriais de diversos países. “No caso das confecções brasileiras, o levantamento vai levar em conta a concorrência de mercados externos, como a China, para elevar o patamar tecnológico do setor”, destaca Jefferson Luiz Ramos Melo, coordenador da equipe de Sistemas Fabris Inteligentes da Fundação CERTI.
O órgão vai fazer a conceituação do projeto, o levantamento de tendências tecnológicas e inovação nas linhas de produção e sistemas de informação para garantir fluxos de material até a chegada do produto ao cliente. “O foco é a modernização das confecções, o elo frágil da cadeia têxtil”, afirma.
Neste mês, técnicos da CERTI vão aos Estados Unidos para visitar confecções como a Springs (na Virgínia), a Fox Apparel, a Garland Shirt, a Textile Clothing and Technology Corporation, Cotton e North Carolina State University (todas na Carolina do Norte). “Vamos pesquisar novas tecnologias e fluxos de informação desses empreendimentos”, afirma Melo. A próxima etapa é a apresentação do conceito têxtil para empreendedores e investidores em potencial no Brasil e o desenvolvimento de um estudo de viabilidade econômica. A fase final do projeto, o detalhamento e implantação de uma confecção modelo, não faz parte do contrato.
De acordo com Melo, um dos maiores problemas do setor de confecção – e não só no Brasil – é o processo de costura, segmento de difícil automação, pelo problema de manuseio de material mole. “Nosso foco, no entanto, não são tecnologias estanques, mas a integração de todo o processo produtivo na unidade fabril, o armazenamento, desenvolvimento do produto, produção, manufatura e expedição da mercadoria”.
Entre as novas tecnologias para confecção, o executivo cita a impressão 3D que, apesar de ainda não ser viável na produção de roupas como conhecemos, pode ser aplicada na manufatura de acessórios como botões e cintos. Outra tecnologia estudada é a de corte de camada única, sistema que permite que a confecção se adeque à customização de roupas para produções menores. “Hoje a demanda não é por milhões de peças iguais, mas se exige que a empresa atenda diferentes pedidos conforme o perfil do cliente, tendo capacidade para confeccionar um a um, com processo de corte e costura flexível, mantendo a qualidade e eficiência na produção”, diz Melo.
A implantação da chamada confecção avançada ou 4.0 passa pela interação entre pessoas e processos, e não apenas a renovação dos equipamentos, destaca o executivo. “É fundamental a capacitação da mão de obra e a integração do fluxo de informações entre todas as equipes da unidade fabril, do chão de fábrica à expedição”, completa.