Em reunião realizada nesta quinta-feira, 22, na Abit, o secretário executivo do Mdic ouviu as necessidades do setor em crise sem apresentar soluções de curto prazo, como reivindica o mercado
Face às dificuldades enfrentadas pela indústria têxtil, um dos setores mais atingidos pelo aumento dos importados, o governo federal diz que está avaliando a situação, mas não apresentou soluções de curto prazo que possam amenizar os efeitos dessa concorrência, considerada predatória pelos empresários da área. Eram grandes as expectativas em torno do debate realizado nesta quinta-feira, 22, na Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecções), com o secretário executivo do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Alessandro Texeira, e da secretária do Desenvolvimento da Produção, Heloísa Regina Guimarães Menezes, com representantes da Abit, do Sinditêxtil, do Sindicato dos Trabalhadores e do Sindivest. O auditório da entidade na capital paulista lotou.
Os representantes do setor apresentaram as dificuldades que julgam estar levando a indústria têxtil brasileira em direção ao declínio, em busca de soluções por parte do ministério. “Nós precisamos de incentivos rápidos, assim como na indústria automobilística”, afirmou o diretor do Sinditêxtil, George Tomic, com um prognóstico fatal. Disse que se nada for feito rápido, a indústria quebra em junho de 2012.
Segundo dados do IBGE, a indústria têxtil teve a maior queda de produção e faturamento real entre os setores analisados. De janeiro a novembro de 2011, a produção têxtil caiu em 14,9% e o faturamento em 9,4%, ante igual período de 2010. Entre as maiores dificuldades, citadas no debate liderado pelo presidente da Abit, Aguinaldo Diniz Filho, estão a falta de incentivos do governo, a forte participação de produtos importados no mercado nacional, a desoneração da folha de pagamento, a pequena margem de preferência de compras por parte do governo, o pouco fortalecimento da confecção e a caminhada ao desemprego.
“Nós sabemos que a indústria está com água até o queixo, na verdade, já deve ter alcançado o nariz. Mas nós queremos dar fôlego e baixar essa água, pelo menos, até a barriga”, afirmou o secretário executivo diante de uma platéia ansiosa, sem detalhar medidas ou estabelecer prazos. Ele apontou a inclusão de itens abrangidos pela TEC (Tarifa Externa Comum), no âmbito das transações comerciais do Mercosul, como uma conquista da indústria, que incentivaria a produção nacional. A cota para a entrada está sendo finalizada pelo Ministério da Fazenda e o secretário afirma que dentro de três meses entrará em vigor.
Quanto a incentivos à indústria, Teixeira disse que o governo deverá continuar analisando a aceitação e os efeitos da desoneração da folha de pagamento, aprovada em agosto de 2011, com tributo de 1,5% sobre o faturamento. O presidente da Abit rebateu a porcentagem, enfatizando a necessidade da desoneração em 0,8%, mudança que, segundo Teixeira, estaria aberta à negociação.
Enfatizando a urgência de medidas para dar base à indústria, os executivos cobraram respostas das alterações no decreto pelo qual os produtos fabricados no país terão prioridade de compra, ainda que cheguem a custar até 8% mais que seus similares importados. Diniz reivindicou que a queda sofrida pela indústria justificaria a aplicação da margem máxima de 25%. O secretário respondeu que a situação atual é o início de um processo que pode ser alterado, mas que essa medida exige cautela, pois, com o aumento da margem de preferência, a indústria tenderia a aumentar o preço dos produtos e, automaticamente, os gastos do governo.
Entre as discussões, o secretário lembrou do projeto Revitaliza, que visa fortalecer a cadeia produtiva, e garantiu uma posição governamental até o fim do primeiro semestre de 2012. “Este setor não vai acabar. Mas, vai diminuir, e, por isso, precisa de ações rápidas”, afirmou o secretário. Já a secretária do Desenvolvimento da Produção disse que a agenda estratégica deverá ficar pronta até fevereiro, e que deverá contemplar soluções, mas não apenas com medidas que terão efeitos imediatos. Entre os planos para 2012, Heloísa enfatizou a implantação de um projeto de apoio a designers, incluindo os da área de moda, para reforçar as tendências seguindo as necessidades do consumidor final brasileiro.
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