Mídias sociais pulverizam a comunicação e permitem maior proximidade com os clientes.
O comércio eletrônico mudou o mercado de consumo, trouxe mais diversidade aos produtos, necessidade de velocidade de entrega, mais oferta e preço acessível. “Com a competição dos canais de vendas da internet, toda a indústria terá que ser fast fashion de alguma forma”, avalia Gerson Vaccari, do grupo Paquetá. É consenso que os novos canais de difusão da moda e o comércio eletrônico estão transformando o setor e o ponto de venda. A empresária Martha Medeiros, dona da grife do mesmo nome de roupas de festa e que trabalha com renda artesanal brasileira, que começou com uma pequena loja em Maceió (AL) nos anos 80, hoje vende para o mundo inteiro por meio da web e conta com 300 mil seguidores no Instagram. Os executivos participaram do evento Negócios de Moda, promovido pelo jornal O Estado de São Paulo no último dia 28, no Fecomércio, em São Paulo.
“O conceito de ponto de venda mudou e é preciso aproveitar os canais digitais disponíveis para alcançar o consumidor onde quer que esteja”, afirma Martha. A empresária que veste a primeira dama de Angola diz que as redes sociais têm cada vez mais impacto na moda e em seu alcance mundial. A grife cresceu e conta atualmente com 400 funcionários que trabalham em três estados para dar conta dos pedidos. A falta de mão de obra e a desvalorização da carreira de costureira e bordadeira estão entre as questões com as quais a marca se depara no dia a dia. “Formamos mão de obra internamente. Nossas colaboradoras vêm dos mais variados setores da empresa, como o de limpeza, por exemplo. Basta ter vontade e ‘brilho nos olhos’ para começar”, afirma. Para ela, é mais importante contar com bons modelistas, profissão menos valorizada e escassa, do que estilistas. “O caimento da peça na nossa grife é fundamental”, aponta.
A ascensão das redes sociais multiplicando os canais de comunicação na moda fez a empresária de comunicação Alice Ferraz fundar o F* Hits, em 2006, plataforma digital que reúne 25 blogs de moda e lifestyle, sendo uma das pioneiras nesse formato. “Os blogs e as redes sociais se tornaram novos canais de diálogo da indústria da moda com os clientes. Hoje é mais fácil para as marcas saber o que o cliente veste e o que quer vestir no futuro, existe maior proximidade e comunicação direta”, afirma Alice. O fortalecimento das redes sociais provocou mudanças importantes nas estratégias de comunicação e marketing da cadeia de negócios. Aumentaram os pontos de contato do consumidor com a marca e esta precisa dispersar sua verba de marketing nesses vários canais para “atirar para todos os lados visando o consumidor”, diz Alice. O próximo passo tecnológico será a produção 3D customizada pelo cliente. “Estamos rumando para um mercado onde o cliente vai escolher o modelo, a modelagem e o estilo e imprimir sua roupa em uma impressora 3D”, afirma.
Coleções sustentáveis
A sustentabilidade é uma preocupação que começa a entrar na pauta do setor. A C&A, como parte de um grupo internacional, tem políticas ambientais estritas e vem tentado difundir o conceito no Brasil, diz Paulo Correa, vice-presidente da rede. Em agosto deste ano lançou uma coleção com algodão 100% orgânico para o segmento bebê e infantil. “Isso já tinha sido feito antes há seis anos, sem nenhuma repercussão. Neste ano, toda a coleção foi vendida. Existe uma maior sensibilidade para essa matéria prima e para o conceito”, afirma. No entanto, segundo o executivo, 100% do algodão foi importado (não existe produção nacional de orgânicos) e toda a produção internacional já está comprometida com diversos compradores mundiais pelos próximos anos, limitando a oferta de uma nova coleção no Brasil, explica Correa.