O parque instalado de fornos nas lavanderias brasileiras dobra em 2008

A nova edição do Anuário GBLjeans revela que 97 processadoras dispõem desse equipamento, volume que representa quase o dobro de empresas que assinalaram essa opção no ano passado

O uso de resina está disseminado entre as confecções de jeans do Brasil, com indícios de que a demanda deverá persistir. De acordo com o levantamento conduzido para a nova edição do Anuário GBLjeans, das 210 lavanderias listadas, 46,2% informam dispor de forno, equipamento considerado indispensável para a cura da resina. É quase o dobro das 50 lavanderias que na edição de 2007 declararam ter forno. Em relação ao total da época, as processadoras com forno correspondiam a 26%.

 

Em termos de parque instalado o aumento foi menor. No primeiro semestre de 2008, juntas, as 97 lavanderias declararam dispor de uma base instalada de 132 fornos. No mesmo período do ano passado, o parque era de 75 fornos em 50 lavanderias. A média de 1,5 forno por lavanderia permaneceu estável.

 

Falso dilema

 

Assim como os serviços com resina aplicada em lavanderia tem crescido, a oferta de tecidos resinados de fábrica também vem expandindo a cada coleção, dando margem à dúvida sobre qual seria a melhor opção. Os especialistas garantem que se trata de um falso dilema, na medida em que qualquer uma das opções cabe perfeitamente em qualquer coleção. A decisão de aplicar resina em lavanderia ou comprar tecido resinado vai depender das diretrizes adotadas no desenvolvimento da coleção.

 

Para a analista de desenvolvimento de produto da Santana, Luciana França, o tecido resinado agrega valor ao produto. “O tecido resinado não desbota com a lavagem, reduz processos em lavanderia, dá um toque macio e deixa o tecido mais nobre”, enumera a executiva. Segundo Marli Vernille Guth, gerente de marketing da Canatiba, a vantagem de comprar tecido resinado é a de que esse tipo de artigo permite maior controle de processo e boas propriedades. Mas, ela ressalva: “A resina é aplicada formando uma película uniforme na superfície, isso possibilita fixação de pigmento, toque, caimento e tonalidade. Agora, se o cliente busca efeitos localizados, é indicada a aplicação de resina em lavanderia”.


Nelson Takeshi Enomoto, coordenador da área de lavanderia da Texpal, reforça o fato de que a aplicação de resina em lavanderia é indispensável para obter, por exemplo, os efeitos tridimensionais que a moda tanto pede. “E que permite um efeito único, específico, para cada confecção”, destaca o coordenador.

Lilian Kurosaki, gerente de mercado de denim da Santista, também pondera que o tecido resinado não exclui necessariamente o processo de resina em lavanderia. “O tecido resinado mantém a reprodutibilidade de lavagem nas peças, pois o processo industrial garante melhor uniformidade do tecido. Mas, para fazer processos específicos do jeans, como bigodes, amassados ou plissados localizados, a resina na lavanderia é necessária mesmo em tecidos já resinados, pois são processos que exigem fixação”, acrescenta ela.

 

Patrícia Ribeiro, coordenadora de desenvolvimento de produto da Vicunha, acrescenta que a melhor opção é determinada por fatores que não são apenas técnicos. Na avaliação dela, a escolha deve considerar, ainda, o perfil de mercado escolhido pela marca, preços a serem praticados, nível de diferenciação pretendido e prazos de entrega.

 

Aspectos técnicos

 

De acordo com Patrícia, o tecido resinado permite a confecções que não tenham estrutura de lavanderia, equipamentos ou know how de aplicação oferecer a opção para seus clientes. “Já o processo em lavanderia permite enobrecimento dos tecidos não-premium e possibilidade de exclusividade no visual das peças”, completa.

 

Para o gerente de vendas da Resinac, Ivan Bonomi, o tecido resinado não é adequado para os confeccionistas da linha fashion, pois, suas criações ficariam muito restritas. “A qualidade do tecido resinado é um fator de destaque, o tecido tem um acabamento especial que mantém o mesmo padrão feito em lavanderia e o custo é baixo. Mas os efeitos são muito limitados”, resume ele.

fotos: acervo GBLjeans