Coordenadas pelo Sebrae-PE e pelo Itep, as ações visam adequação às normas ambientais para licença de operação, que poderá render selo de certificação
A seis meses de concluir o projeto Consciência Limpa, que envolve lavanderias de quatro cidades do Agreste Pernambucano, as empresas se reunirão em Caruaru em torno de um seminário em junho para apresentar as diversas ações implementadas nesses quase dois anos e como estão tirando proveito dessa adequação.
Do projeto iniciado em 2009, participam 120 lavanderias (52 de Caruaru, 35 de Toritama, 25 de Riacho das Almas e oito de Vertentes). Coordenado pelo Ctacs (Centro Tecnológico do Agreste Central e Setentrional), do Itep (Instituto de Tecnologia de Pernambuco), e pelo Sebrae-PE (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o projeto consiste em viabilizar capacitação técnica para gestão ambiental, acordos de cooperação entre as empresas, entre outras ações.
A reunião em torno do projeto não foi espontânea. Todas as lavanderias assinaram compromisso de participação com o Ministério Público da região como forma de obter a licença ambiental necessária para o funcionamento delas. Segundo Lenildo Pedro da Silva, gerente do Ctacs, a ideia é de ao final do projeto essas lavanderias estarem aptas a passar por um processo de certificação aplicado por uma agência acreditadora independente.
“Haveria três níveis de certificação. As lavanderias que atingirem o nível máximo de pontuação receberiam um selo de certificação que poderia ser aplicado num tag”, explica o gerente. Dessa maneira, toda a roupa processada pela lavanderia certificada sairia com o tag atestando a conformidade dos processos às boas práticas ambientais recomendadas para o setor.
Investimento rateado
O projeto Consciência Limpa envolve R$ 600 mil, dos quais metade bancado pelo Sebrae e a outra metade pelas lavanderias. As empresas tiveram que construir estações de tratamento de efluentes (ETE’ s), não apenas com a finalidade de descartar a água em condições corretas, como também de reúso no processo industrial, conta Silva do Itep.
O modelo de tratamento está baseado no sistema projetado pela instituição alemã Bfz para a lavanderia Mamute, de Toritama. É um processo físico-químico, em tanques de alvenaria com três níveis de captação e tratamento. “E que custa um terço do preço de uma ETE convencional adquirida no mercado”, assegura o gerente.
Ele explica que o sistema foi projetado para funcionar de maneira eficiente, independentemente do tipo de produto químico utilizado pela lavanderia. “Embora os projetos sejam parecidos, os resultados são muito diferentes entre as empresa”, observa Silva. O projeto envolve ainda a instalação de esgoto sanitário, mecanismos de controle de poluição atmosférica, gerenciamento do resíduo sólido e capacitação para operação dos recursos.
A implantação de processos físico-químicos de tratamento é necessária, mas não resolve completamente o problema. Deveria ser seguida pelo tratamento biológico, considerado custoso e complexo por exigir grandes áreas de instalação. “A região discute um projeto, não levado adiante, para construção de distrito industrial que abrigaria as lavanderias, que usariam uma estação de tratamento única em cooperação”, destaca Silva.
foto: GBLjeans