Operação depende ainda de passar por trâmites burocráticos comuns a esse tipo de negociação, mas, concluída, o Siete Léguas estará entre os maiores do mundo no setor
Na semana passada, depois de um ano de negociação, o grupo mexicano Siete Leguas e a Mover Participações (novo nome da holding Camargo Correa) assinaram um acordo vinculativo pelo qual o GSL adquire 100% das ações da brasileira Santista. “As operações da Santista compreendem os negócios de fabricação de tecidos denim, brins e workwear no Brasil e na Argentina, contando com três plantas industriais e mais de 3 mil colaboradores”, informa a Mover em nota oficial enviada ao portal GBLjeans. As empresas não informam o valor da transação.
A conclusão do negócio está sujeita ao cumprimento de determinadas condições típicas de transações desta natureza, mas, a expectativa é até o final deste ano a Santista mudar de mãos em definitivo. Sobre a negociação, a nota completa: “Destaca-se que a Mover priorizou as negociações com o Grupo Sete Léguas, por esse ser um player com capacidade e expertise neste segmento, assim privilegiando o crescimento da Santista, ativo que fez parte do seu portfolio (Mover) por diversos anos”.
A Santista fez circular informe dirigido à sua base de clientes, fornecedores e funcionários tratando da transação e reforçando que a empresa, tanto no Brasil quanto na Argentina, continuará “operando normalmente e sem alterações em seu dia a dia”. No Brasil, a Santista opera duas fábricas no interior de São Paulo: a principal em Americana, integrada, com operações de fiação, tingimento e tecelagem de denim e sarja; e a de acabamentos em Tatuí; além da sede da empresa na capital paulista. Na Argentina, onde continuou a operar também com a marca Tavex, a Santista mantém planta de denim e sarja em Tucumán, mais o escritório na capital, Buenos Aires.
GSL INVESTE PARA SER O MAIOR DA AMÉRICA
Concretizada, essa operação não será o primeiro negócio entre as duas companhias. Por muitas décadas cliente da Santista, o GSL comprou há três anos, em 2015, as duas plantas de denim da Santista localizadas no México (nas cidades de Puebla e Tlaxcala), com capacidade conjunta de 26 milhões de metros de tecido por ano, passando a operar sob a marca Tavex. Mais recentemente, em outro movimento de expansão, o grupo mexicano comprou 100% das ações da americana AALFS, incluindo ativos e subsidiárias. Centenária, fundada em 1892 em Sioux City, no estado do Iowa, nos Estados Unidos, a AALFS atua como PL de jeans para conhecidas marcas internacionais, com fábricas integradas no México e na Nicarágua.
A compra da concorrente pela Ropas Siete Leguas, assim como das fábricas da Tavex e agora da Santista, faz parte do plano da holding mexicana de tornar-se o maior grupo têxtil das Américas e um dos maiores do mundo, afirmou comunicado da Deloitte, consultoria que auxiliou a empresa nessas aquisições.
Atualmente, o GSL fundado em 1958 por Antonio Juan Marcos no México reúne um parque com 15 plantas industriais, entre atividades de fiação e tecelagem, confecção de jeans, lavanderia e bordado. De acordo com a empresa, a Ropa Siete Leguas tem capacidade para produzir 200 mil peças de roupas jeans por semana.
MUDANÇA AOS 90 ANOS
A Santista foi fundada em outubro de 1929 como Fábrica de Tecidos Tatuapé, integrando o grupo Bunge, que permaneceu acionista até 2003, quando a Camargo Corrêa assumiu o controle. Nesse período, a história da empresa foi marcada por uma série de aquisições, como a compra da Cia Jauense no Brasil e da Grafa de roupas profissionais na Argentina; fusões como a negociada com a divisão de denim da Alpargatas em 1994, criando uma das maiores empresas do país no setor; e 12 anos depois, em 2006, a compra da espanhola Tavex Algodonera. Hoje, no Brasil, opera como Santista Jeanswear e Santista Workwear.
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