O argumento é de que grandes varejistas e indústrias poderiam usar o rating favorável a fim de obter recursos a fornecedores confiáveis.
Usando o poder de crédito de que dispõem e o rating favorável, grandes varejistas e indústrias têxteis poderiam facilitar o crédito aos pequenos. A ideia foi apresentada por dois presidentes de entidades empresariais em live organizada pela Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). Na semana passada, a entidade promoveu um giro virtual para saber a realidade de polos de produção pelo Brasil durante a pandemia da covid-19. Para o presidente da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e do Sindmalhas mineiro, Flávio Roscoe, os grandes varejistas seriam os tomadores do crédito, e “fazendo bypass para o mercado”, porque eles conhecem bem a cadeia de fornecedores.
Na visão dele, essas empresas teriam condições de buscar recursos diretamente com o Banco Central. “Isso destravaria um grande gargalo”, entende. Valdir Scalon, presidente do Sindvest/ Maringá (Sindicato da Indústria do Vestuário) e da Sclaon Jeans, segue pela mesma linha. “Os fabricantes de fibras e tecelagens poderiam usar o seu rating para financiar os pequenos”, argumentou no evento.
Ele também avalia que o grande varejo poderia ser fonte de crédito da pequena e média confecção. Considera que essa é uma prática adotada pelas empresas ao comprar da China. Em geral, nessas transações, pagam antecipado o valor total ou pelo menos metade. “Poderiam fazer a mesma coisa para os brasileiros”, pondera.
Francisco Lelio Pereira, presidente do Sindiroupas do Ceará e dono da confecção Profardas, partilha da mesma ideia. Considera que essa seria uma maneira de fazer girar todos os elos da cadeia. Ele conta que o grande varejo pratica regras duras para o fornecedor nacional. Se para os chineses pagam adiantado, no Brasil muitas pedem 180 dias para pagar.
ESTENDER O INVERNO
O crédito ajudaria as confecções menores, PLs e lavanderias a atravessar a atual turbulência econômica provocada pela covid-19. Mas os empresários do setor defendem outras medidas, como estender as vendas de inverno. Eles preveem que a retomada das atividades coincidiria com a troca de vitrine do grande varejo para a primavera. “A maioria das indústrias está com o inverno pronto. O risco é perder o inverno totalmente quando o varejo voltar a rodar,” explica Scalon. Se o varejo aceitasse receber essas coleções, diz, nem tudo estaria perdido.
A maior parte da produção do polo do Paraná segue para marcas do Brás e do Bom Retiro, contou o empresário.
Rita Cássia Conti presidente do Sindvest de Brusque, em Santa Catarina, e dona marca de pijamas Mensageiro dos Sonhos, explicou que o comércio de rua teve autorização para reabrir por lá. E que isso foi bom porque ocorreu com a chegada do frio no sul. Ela contou que a previsão é de em 2020 o país ter o inverno mais rigoroso dos últimos quatro anos.