O objetivo é chegar ao final desta década como uma das melhores empresas do mundo a fornecer etiquetas e tags para o mercado de jeans premium
A Tecnoblu, fabricante brasileira de etiquetas e tags localizada em Blumenau (SC), embarca para Paris em setembro com carimbo especial no passaporte. É a primeira empresa de fora da Europa a ser convidada a expor sua linha de produtos na Mod’Amont, considerada uma das mais importantes feiras do setor de aviamentos. Durante o evento, de 19 a 22 de setembro, a empresa apresenta o novo book, que traz a coleção desenvolvida para o inverno 2007. Antes disso, fará o lançamento oficial do catálogo para seus representantes no dia 8 de setembro.
“A partir do dia 11, a nova coleção estará disponível para venda no mercado brasileiro, nossa grande prioridade”, informa Cristiano Buerger, presidente da empresa. Segundo ele, a estréia na Mod’Amont é parte de uma estratégia que começou a ser traçada há cerca de seis anos. “Nosso objetivo é a Tecnoblu ser considerada uma das melhores empresas de etiquetas e tags do mundo em jeans premium. Queremos fornecer nossa linha de decoração dos jeans para todas as grandes marcas mundiais”, conta o executivo.
Hoje, a empresa atende algumas dessas marcas indiretamente, vendendo os aviamentos para as confecções contratadas para fabricar as peças. Esse é o principal canal de exportação da empresa. O mercado externo participa pouco da receita, em torno dos 3%, enviados para países da América do Sul (basicamente, Chile e Argentina). São as vendas domésticas que sustentam os negócios.
Planos de expansão
A Tecnoblu trabalha metas agressivas. Até o final da década, pretende dobrar o volume de vendas que, em 2006, prevê alcançar os R$ 12 milhões, dos quais 70% correspondem a negócios com o mercado de jeanswear. “Nos últimos seis anos, a empresa cresceu na faixa de 30% ao ano. E a gente planeja manter esse ritmo de crescimento nos próximos dois a três anos”, diz Buerger. Para sustentar essa expansão, a fabricante investiu R$ 1,5 milhão nos últimos dois anos, aplicados basicamente em tecnologia de produção. Outros R$ 2 milhões estão reservados para investimentos nos próximos três anos.
A internacionalização da marca passa pela abertura de um escritório de design na Itália, prevista para o próximo ano. A idéia é de o próprio designer, além de pesquisar tendências, novos processos e matérias-primas, também atenda grandes clientes. De maneira que as grifes indiquem os aviamentos da Tecnoblu para as confecções para as quais terceirizam a produção. Com essa política, a fabricante catarinense espera ampliar as vendas para a América Latina, alcançando 15% da receita, em 2009. “Vemos o escritório como uma grande oportunidade para a empresa em termos de know how de desenvolvimento de produto e troca de informações com essas marcas grandes”, observa Buerger.
Atualmente, a Tecnoblu produz 40 milhões de etiquetas; 15 milhões de tags e o equivalente a 5 milhões de peças em cadarços e galões por ano. O volume físico de produção deverá crescer, mas não na mesma intensidade. A intenção é produzir aviamentos cada vez mais sofisticados e, portanto, mais caros. É com esse enfoque que a empresa vai anunciar uma linha especial de produtos durante o evento Tecnoblu Note, em outubro.
Inovação
Na avaliação de Buerger, o traço marcante da Tecnoblu é o compromisso com a inovação, cuja ponta mais visível são os books, que combinam as tendências da moda com elementos da cultura brasileira e funcionam como principal ferramenta de marketing da empresa. Outra iniciativa foi montar um comitê de inovação do qual participam a equipe de criação, pesquisa e desenvolvimento e operários. Atualmente, dez funcionários da fábrica participam um dia do mês numa oficina de criação, em que têm liberdade para desenvolver e propor produtos. “São as pessoas que estão no dia-a-dia que sabem das possibilidades de cada equipamento”, argumenta Buerger. O comitê misto foi criado há dois anos e já responde por 15% de todos os desenvolvimentos da empresa que se tornam produto.
O tema do catálogo que será apresentado em Paris é o café. Foi escolhido por ser um dos principais produtos de exportação do Brasil e, também, porque enfrenta um processo de transição. Ao longo do tempo, o café brasileiro perdeu participação no mercado mundial para produtores de outros países e, hoje, busca qualificação para disputar o segmento gourmet. É um paralelo com a estratégia da Tecnoblu. “Nosso negócio não é ser commodity. É ter produtos diferenciados, com valor agregado”, frisa o executivo.
Segundo Buerger, o novo book consumiu o equivalente a R$ 200 mil em investimentos, entre salários da equipe e pesquisa. “Tenho oito pessoas trabalhando full time nisso há três meses”, afirma. O investimento direto na feira está avaliado em R$ 60 mil. Sem contar, os dois anos de preparação. O cuidado é necessário porque o convite para participar da Mod’Amont é vitalício, ou seja, o expositor terá que participar de todas as edições do evento.