A confecção do Brás inicia um plano de reestruturação que vai consumir investimentos da ordem de R$ 1 milhão
Até julho de 2007, a Mimic’s vai investir R$ 1 milhão para concluir o plano de reestruturação da marca e divulgar a nova fase. A opção é por disputar o mercado de jeans com peças mais elaboradas, de valor unitário até 30% acima do preço cobrado pela linha popular e sem amarras com tendências, avisa o estilista proprietário da empresa, Luciano Viana. “Começamos a mudar devagar para não ter impacto negativo sobre o público comprador, até chegar onde a gente quer no início do próximo ano”, informa.
A Mimic’s mantém loja de 180 metros quadrados no Brás, região central da cidade de São Paulo. Ali, funciona o showroom da marca para os clientes atacadistas e a venda ao varejo, hoje, mais concentrada em um público cujo nível de renda Viana classifica como C e D. Para ficar mais próximo da classe B, a empresa prevê abrir uma loja de varejo na região da Vila Olímpia até o final do ano. A meta é montar a partir do próximo ano uma rede que combine lojas próprias – em São Paulo – e franquias, para cidades de fora do estado.
Em fevereiro, a Mimic’s lança pela primeira vez um catálogo, que estréia com a coleção de inverno. A idéia é produzir o catálogo na Espanha, cidade que sintetiza o glamour europeu e a praticidade do streetwear dos Estados Unidos, avalia o empresário, que negocia com um fotógrafo espanhol. Aproveitando o evento, a empresa trata de reforçar o orçamento destinado a ações de divulgação.
Peças mais caras
A curva para uma nova direção exige ajustes também na área de produção. A fábrica da Mimic’s, instalada no bairro do Pari, que chegou a produzir de 30 a 40 mil peças por mês, está sendo preparada para um volume que vai girar entre 10 mil e 15 mil unidades. Apesar do volume menor de produção, Viana espera aumentar a margem de rentabilidade com a estratégia de escapar da concorrência acirrada entre as confecções da chamada moda popular.
A partir da atual coleção, os modelos são vendidos no varejo por R$ 70,00 a R$ 80, 00, enquanto para o atacado custam entre R$ 40,00 e R$ 50,00. Ele calcula que o novo patamar de preços representa um aumento de 30% sobre as coleções passadas. No Pari, ficam as áreas de desenvolvimento, pesquisa, corte e acabamento. A costura é terceirizada, assim como o beneficiamento das peças, entregue para a Faenzza (lavanderia de Santa Catarina).
Viana coordena a área de estilo completada por três outros profissionais. A coleção de verão vem com 60 modelos entre camisetas, calças de índigo (claro e escuro), calça pedal (cropped), capri, saias, bermudas e shorts – para homens e mulheres de 15 a 35 anos. “Por padrão, temos as coleções de inverno e verão, que são complementadas por 15 a 20 modelos até o final de cada estação”, explica.
Marketing em novelas
Como parte da preparação do processo, há quatro meses a Mimic’s investe na divulgação da marca por meio de contratos com atores, que usam os modelos em eventos ou nas novelas que atuam. Fazem parte do cast atual, entre outros, Leandro Marinho, Gisele Policarpo e Mariana Guives que trabalham na Cristal, telenovela do SBT.
Na próxima da Globo no horário das seis – o Profeta – os personagem de Henrique Ramiro e Rodrigo Phavanello usarão roupas da marca. Leona, a malvada da novela das sete da Globo (Cobras & Lagartos) interpretada por Carolina Dieckmann, usou um modelo da Mimic’s que foi um dos mais vendidos da estação. Os resultados animam a empresa a manter a iniciativa.
O atual ciclo de mudanças não é o primeiro da Mimic’s, criada em 2003. A confecção começou produzindo modelos de streetwear e rapidamente migrou para o mercado de jeanswear.
Fotos: acervo da empresa