Desenvolvido no agreste da Paraíba, metodologia de certificação recebeu a primeira colocação pela Fundação Banco do Brasil.
O projeto Algodão Agroecológico Gerando Renda e Conhecimento no Curimataú Paraibano esteve no centro da premiação concedida pela Fundação Banco do Brasil em 2019. A metodologia de certificação orgânica pela forma de produzir algodão em municípios da região ganhou o prêmio. A iniciativa receberá R$ 50 mil, que deverão ser destinados à expansão, aperfeiçoamento ou reaplicação da tecnologia social.
Realizado a cada dois anos, o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social busca reconhecer e apoiar iniciativas já aplicadas e que sejam relevantes na solução de questões em diferentes áreas.
São analisados projetos em áreas como alimentação, educação, energia, habitação, meio ambiente, recursos hídricos, renda e saúde. A premiação deste ano teve a parceria do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Instituto C&A, Ativos S/A e BB Tecnologia e Serviços. Contou com a cooperação da Unesco no Brasil e apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Ministério da Cidadania e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
A metodologia de certificação orgânica foi representada pela Associação de Apoio a Políticas de Melhoria da Qualidade de Vida, Meio Ambiente e Verticalização da Produção Familiar (Arribaçã). Desde 2006, a entidade dá assessoria técnica a agricultores familiares no plantio do algodão agroecológico. O objetivo é que o cultivo siga critérios como cuidado com a saúde do produtor e do solo, proteção da biodiversidade, valorização das sementes tradicionais e respeito aos limites da natureza e as relações humanas. Começou pelo assentamento Queimadas, derivado do Projeto Escola Participativa do Algodão Agroecológico.
AUTO-CERTIFICAÇÃO
Seis anos depois, em 2012, os agricultores enfrentaram problemas de negócio. O pagamento da produção não saía pelo fato de não serem certificados. E não eram porque esse tipo de processo é demorado, complexo e caro para pequenos produtores. Com apoio da Arribaçã, eles se organizaram como um Opac (Organismo Participativo de Aceitação e Conformidade), batizado de Rede Borborema de Agroecologia. A função dessa entidade é certificar a produção como agroecológica e garantir sua comercialização. Os agricultores são certificados como produtores orgânicos, com selo validado pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Pela metodologia, as inspeções são realizadas pelos próprios agricultores. A Rede Borborema atua na Paraíba. Além de agricultores, conta com a participação de entidades de assessoria técnica, Ongs, instituições de pesquisa e consumidores. Atualmente a rede reúne cinco grupos de produção em assentamentos dos municípios paraibanos de Remígio, Prata e Amparo, com 34 produtores com certificação orgânica, informa comunicado da Fundação BB.
Outras duas tecnologias sociais também foram premiadas nesta modalidade. Em segundo lugar, a Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá, do Ceará, recebeu R$ 30 mil pela metodologia Algodão Agroecológico no Fortalecimento da Agricultura Familiar e Associativismo. O terceiro lugar coube à Cooperativa Central Justa Trama, de Porto Alegre (RS), que ganhou R$ 20 mil pela tecnologia A trama do algodão que transforma.