Representantes da indústria formam Grupo de Estudo de Produtos Danosos para definir regulamentação em seis meses, criando norma de adesão voluntária.
O uso de químicos danosos à saúde preocupa diversas indústrias. Para buscar uma regulamentação nos produtos têxteis foi formado o Grupo de Estudo de Produtos Danosos que visa a constituição de uma norma voluntária sobre o uso de químicos tóxicos. O grupo coordenado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) reúne representantes do Sinditêxtil com o apoio da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) e da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química). Ele vai trabalhar em conjunto com dois comitês (o CB–10/ química e CB-17/ têxteis) que já estudam o assunto. “Havendo consenso do setor na constituição da norma, mesmo ela sendo de caráter voluntário, será possível a fiscalização de conformidade pelo Inmetro”, explica Lourival Flor, diretor de sustentabilidade do Sinditêxtil.
Quando se fala em produtos danosos na área têxtil, logo se pensa em tecidos que provocam alergias ou algum dano direto ao consumidor. “Na verdade, o grupo estuda produtos químicos que provocam dano ao meio ambiente no processo de produção. A lavagem da roupa com determinados químicos vai para as águas contaminando peixes e o solo, retornando para o consumidor de forma indireta”, explica o executivo. Existe o cuidado com os químicos em roupas infantis, pelo contato com a boca de uma criança, por exemplo, mas não é a principal preocupação. “Nosso objetivo é a formação de uma norma olhando o meio ambiente no médio e longo prazo”, afirma. Ele reforça que os departamentos de compras de grandes varejistas como C&A, Renner, Zara, entre outros, já contam com manuais extremamente restritivos na aquisição de produtos. E países da União Europeia, Estados Unidos e Japão controlam a utilização de substâncias nocivas em têxteis.
Uma das preocupações do grupo brasileiro, segundo Flor, é com produtos importados de fora desses países que entram no Brasil sem restrições. “Uma norma brasileira fiscalizada pelo Inmetro pode organizar o mercado de importados por meio de uma regulação não tarifária”, afirma. A idéia do grupo, segundo o executivo do Sinditêxtil, não é inventar uma norma diferente de outros países, mas olhar o que foi feito no exterior e seus impactos, sem mais restrições do que as já existentes. “Planejamos ouvir toda a indústria sobre as restrições dos químicos, para que possam sugerir sua substituição, sem prejudicar a produção”, ressalta Flor.
Dentre a lista de dez substâncias danosas ao meio ambiente e à saúde que serão monitoradas pela norma estão: Polifluorcarbonos 8C(PFC’S) PFOS e PFOAS, Aminas aromáticas/corantes azo Listados, Alquil Fenóis e Nonil Fenol, Corantes disperses alergênicos, Metais Pesados (chumbo, cádmio, mercúrio, cromo e níquel), Ftalatos, Formaldeído, Pesticidas, Compostos organo estanosos e Fenóis (Pentaclorofenol e Tetraclorofenol). Caso a norma seja implantada, a produção interna e os produtos importados terão prazo para se adequar aos limites das substâncias químicas. A norma já está sendo escrita e o grupo espera chegar ao texto final em seis meses.