Pelo projeto Upcycling the Oceans, empresa firmou parceria com pescadores da costa mediterrânica para iniciar a coleta do lixo jogado ao mar.
A espanhola Ecoalf nasceu em 2009 como marca de moda sustentável, usando insumos feitos de materiais retirados dos oceanos. Desde, então, produz jaquetas, malhas de lã, casacos do tipo moletom, calçados e acessórios produzidos com mistura que pode ou não incluir fios de resíduos de algodão, de garrafas PET recicladas, restos de redes de pesca, borra de café descartada pelos bares e pneus velhos. No início de 2015, lançou o projeto Upcycling the Oceans, com três fases, sendo que a primeira começou mediante acordo com 160 barcos de pesca da costa mediterrânica de Levante.
A iniciativa visa compensar uma lacuna enfrentada pelas empresas que investem em moda sustentável. Segundo a Ecoalf, a oferta de matéria-prima reciclada é escassa, de baixa qualidade e com percentual de reciclado muito pequeno (entre 15% e 20%). O projeto pretende transformar o lixo encontrado no mar Mediterrâneo em fios têxteis de boa qualidade, que gere tecidos de boa qualidade.
O primeiro passo foi envolver os pescadores da região de dez localidades da costa. Diariamente, eles retiram de suas redes o lixo marinho que encontram e depositam em contêineres instalados pela Ecoalf nos portos de atracação, e uma vez por semana esse material é retirado pela empresa para classificação, e separação dos plásticos.
Com essa medida, a limpeza do mar deixa a costa para atuar no fundo do oceano, diferentemente do que acontece com projetos similares, como o da holandesa G-Star. A grande complexidade para atingir o desafio de obter filamentos de alta qualidade que tenham 100% de material reciclado, reside no próprio material recolhido, porque os plásticos levados ao mar sofrem degradação por causa da água salgada e da exposição ao sol.
As outras duas fases do projeto envolvem a gestão de resíduos, a produção de flocos granulados de polímeros (com tamanho entre 3 e 6 milímetros), de filamentos contínuos por extrusão, de tecidos com qualidade equivalente aos não-reciclados; confecção das roupas e a comercialização dos produtos que resultam desse processo.
De acordo com a Ecoalf, 6,4 milhões de toneladas de lixo são jogados ao mar a cada ano, acrescentando que esses detritos prejudicam mais o ecossistema marinho, com a morte de animais, por exemplo, do que as mudanças climáticas.