IPO do Grupo Soma rende R$1,8 bilhão

IPO do Grupo Soma rende R$1,8 bilhão

Prevista para março, a oferta pública de ações da companhia dona de Animale, Farm e Maria Filó rendeu acima do projetado.

IPO do Grupo Soma rende R$1,8 bilhão

Mesmo com o mercado ainda sob os efeitos da covid-19, o Grupo Soma retomou os planos e fez o IPO (da sigla em inglês para oferta inicial de ações) na semana passada. Para a abertura de capital, com ações negociadas em bolsa, a previsão da companhia dona de Animale, Farm e Maria Filó era movimentar R$1,61 bilhão. Em valorização surpreendente, obteve R$1,82 bilhão. Quase metade (47%) dos recursos a serem obtidos estará reservada à compra de marcas, informou a empresa aos investidores. Destacou, porém, que até a semana passada “não havia celebrado qualquer contrato ou documento vinculante para qualquer tipo de aquisição de qualquer marca”.

Outra parte considerável (24%) seria destinada ao pagamento de dividendos de exercícios fiscais passados. Cerca de 15% ficariam condicionados à amortização ou liquidação de dívidas com vencimento entre setembro de 2020 e julho de 2021. Apenas 7% do montante seriam empregados em projetos de abertura de lojas físicas, tecnologia, omnichannel, modernização e retrofit das lojas em operação.

A companhia tem até 30 de janeiro de 2021 para fazer “o Anúncio de Encerramento da Oferta Pública de Distribuição Primária e Secundária de Ações Ordinárias de Emissão”.

GRUPO SOMA TEM PREJUÍZO NO PRIMEIRO TRIMESTRE

Ainda segundo o prospecto, a receita líquida do Soma (sem contar a Maria Filó) somou R$294,51 milhões no primeiro trimestre de 2020. Corresponde a avanço de 0,4% em relação ao primeiro trimestre. A pandemia influenciou os resultados. A empresa registrou prejuízo líquido no período de R$43,5 milhões contra lucro líquido de R$25,9 milhões obtidos nos primeiros três meses de 2019. Da receita líquida do trimestre, o e-commerce sustentou 38%, informou a empresa.

Até início de julho, o Grupo Soma operava 282 lojas (incluindo a Maria Filó), das quais 257 próprias e 25 franquias. Controla oito marcas e conta com um canal de atacado de 2,8 mil multimarcas. São três fábricas, de acordo com prospecto enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Duas no Rio de Janeiro e uma em São Paulo.

As operações são apoiadas por nove centros de distribuição, sendo sete no Brasil. Um deles é o centro de distribuição de matéria-prima, localizado no Rio de Janeiro, responsável pelo recebimento, armazenamento, corte e expedição dos insumos das roupas, que são enviados às confecções. Outros três CDs movimentam produtos acabados. Estão no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Espírito Santo. Mais três CDs são exclusivos de marca: o da Cris Barros, em São Paulo; e dois da Maria Filó, no Rio de Janeiro. A empresa opera ainda com dois centros de distribuição fora do Brasil. Um responde pela distribuição dos produtos nos Estados Unidos, sediado em New Jersey; e outro pela movimentação das mercadorias na Europa, localizado em Helmond, na Holanda.

Em meio a euforia da operação, analistas chamavam atenção no noticiário especializado para a forte dependência do Soma ao incentivo fiscal concedido pelo programa Moda Rio. A lei estadual reduz a alíquota de ICMS de empresas sediadas no Rio de Janeiro para 7%.