Operação da varejista reúne 90 mil consultoras cadastradas que compram em média 18 peças por dia, sendo que 70% fazem pedidos mensalmente.
A crise econômica pode ter um lado positivo ao tirar os negócios da zona de conforto e incentivar formas inovadoras de alavancar as vendas. A varejista Marisa, com uma rede de 400 lojas, está apostando na venda porta a porta para difundir a marca e alavancar oportunidades. A operação que começou timidamente em 2013, apenas em oito estados, hoje alcança o sudeste, o nordeste, o centro-oeste e, recentemente, agregou a região sul. O canal visa os consumidores da classe C que de alguma forma não são atendidos por sua rede de lojas ou pelo comércio eletrônico, alcançando cidades de porte médio e pequenos municípios. “Muitas vezes a consumidora prefere comprar da consultora por conveniência e oportunidade, mesmo contando com uma loja em sua cidade”, afirma Marcel Szajubok, gerente geral de vendas diretas da Marisa.
O canal reúne 90 mil consultoras cadastradas que compram uma média de 18 peças por dia e 70% delas fazem pedido todo mês, quando há mudança de catálogo. Esse número está sempre mudando, pois, a rede recebe mensalmente 2 mil novos pedidos de inscrição de empreendedoras atestando o sucesso desse canal. “A operação direta já tem uma boa representação no nosso mix de vendas que inclui lojas físicas e comércio eletrônico cuja operação já tem mais de dez anos”, ressalta o executivo.
A divulgação das vendas diretas da Marisa se dá sem alarde, por recomendação e pelas redes sociais. “Por mirar a classe C, e ter produtos com preços acessíveis, esse canal segue crescendo em cidades onde as grandes redes de varejo não chegam”, afirma Szajubok. Dos 5,7 mil municípios brasileiros, 2,4 mil tem menos de 100 mil habitantes e representam 10% do poder de compra.
A operação com as consultoras é gerenciada de forma online desde o credenciamento da interessada – não há assinatura física, em papel - até o pedido de peças. Ela recebe o catálogo impresso com 150 modelos de moda feminina, masculina e infantil e uma revista com dicas de vendas. O pedido é feito via site em um mix de produtos renovado mensalmente, com 20% de desconto sobre o preço anunciado, acumulando pontos e descontos conforme o volume de compras. Para gerenciar a operação, a Marisa conta com um sistema de retaguarda que informa quantas peças existem no estoque, dá acesso a catálogos específicos e controla as vendas de cada consultora. A rede prevê faturar com esse canal em torno de R$ 500 milhões até 2017. No ano passado, a receita líquida da varejista foi de R$ 3,34 bilhões, de acordo com o balanço recentemente divulgado.