Novo modelo reflete no lucro da Riachuelo

Varejista encerra trimestre mais que dobrando os ganhos em relação a igual período do ano passado, frente a aumento de 10% na receita líquida.

Apesar do cenário econômico considerado ainda difícil, a Riachuelo avalia que está no caminho da recuperação. O lucro líquido da varejista controlada pela Guararapes mais que dobrou no segundo trimestre atingindo R$ 82,31 milhões, contra R$ 36,3 milhões em igual período do ano passado, que corresponde a alta de 126,9%. No período, a receita líquida avançou menos. Cresceu 10% para alcançar R$ 1,6 bilhão entre abril e junho.

Em conferência com analistas de mercado, Flávio Rocha, CEO da empresa, atribuiu os resultados melhores ao novo sistema de reposição de mercadorias nas lojas, que desde setembro do ano passado é todo automatizado. “Hoje a maior parte do abastecimento tem reposição diária por sku (tamanho e cor). Só as lojas menores contam com três envios semanais”, explicou o empresário. Por esse modelo, a maior parte dos produtos fica estocada no CD principal, com apenas uma pequena parcela das mercadorias sendo despachada para os pontos de venda.

Diariamente, o sistema faz a varredura do que foi vendido, repondo de maneira pontual. “Dessa forma reduzimos a necessidade de remarcações, diminuindo o percentual de resíduo nas coleções. Isso ficou muito visível principalmente na coleção do inverno”, afirmou Rocha. A empresa também inclui nas variáveis que ajudaram nos bons resultados do trimestre a liberação dos saques das contas inativas do FGTS, que favoreceu tanto as vendas quanto os níveis de recuperação de crédito.

DESAFIO DO SEGUNDO SEMESTRE
Entusiasmada com os benefícios do sistema push & pull por sku, a Riachuelo pretende avançar uma etapa, começando ainda neste segundo semestre. Valendo-se da condição de empresa com operações integradas do varejo à tecelagem, passando pela confecção (a Guararapes), pretende estender o novo sistema de abastecimento até a matéria-prima para, de fato, produzir aquilo que está vendendo, conforme a estação avança.

EXPANSÃO DA REDE
Os investimentos em novas lojas continuam contidos. Se em 2016, a estratégia foi frear as inaugurações para proteger o caixa, este ano a maior fatia dos investimentos foi direcionada para a reforma das lojas, de modo a adaptá-las ao novo sistema, no qual prevalece maior área de exposição de produtos, com estoque reduzido. No segundo trimestre, o investimento foi de R$ 73,3 milhões, dos quais R$ 12,6 milhões consumidos pelo ecommerce.

Ao longo do primeiro semestre, a Riachuelo abriu apenas uma loja, foi no final de junho, deixando a rede com 292 unidades. Entretanto começou o segundo semestre abrindo três pontos de venda, com plano de reformar mais 40 lojas.

A recuperação alcançou a parte de confecção. Foram produzidos 11,1 milhões de peças entre abril e junho, ante 10,1 milhões no mesmo período do ano passado. No semestre, esse volume soma 19,7 milhões de peças confeccionadas, 3,3% a mais que nos seis primeiros meses de 2016.