Por conta dos resultados, a holding dona da John John estuda aumento de capital no valor de R$ 200 milhões até o final do ano.
Ao voltar a operar no prejuízo no terceiro trimestre, a Restoque surpreendeu o mercado que esperava resultados melhores. Manteve a estratégia de fortalecer marcas, evitando as promoções em série, e o canal de ecommerce próprio. Neste trimestre, a reorganização não surtiu o efeito desejado. A holding de marcas como John John, Dudalina e Le Lis Blanc registrou prejuízo líquido de R$ 52,28 milhões. De julho a setembro do ano passado, o lucro líquido foi de R$ 7,83 milhões. E no segundo trimestre de 2019, o ganho foi de R$ 41 milhões.
Com isso, até setembro o balanço acumulou perdas de R$ 24,10 milhões, contra o lucro de R$ 58,46 milhões nos primeiros nove meses de 2018. A receita líquida também caiu. No terceiro trimestre atingiu R$ 212,14 milhões, 32,5% a menos que no terceiro trimestre de 2018. Em nove meses, a receita líquida somou R$ 707,46 milhões, ficando 25,3% abaixo que em igual período do ano passado.
A investidores a empresa informou que estuda proposta de aumento de capital da ordem de R$ 200 milhões até o final do ano. A subscrição de ações visaria “melhorar e equilibrar a estrutura de capital da companhia para o fechamento do ano”, disse em teleconferência o CEO da Restoque, Linviston Bauermeister.
NÍVEL DE ENCOMENDAS MENOR PARA 2020 COM CORTE DE R$ 100 MILHÕES
A empresa anunciou ainda um programa de forte redução de despesas. No quarto trimestre, cortou em cerca de 1/3 o número de diretores e heads de áreas, mediante a unificação de departamentos e áreas. Em 2020, as despesas de marketing serão reduzidas em 35%, que renderá economia de R$ 27 milhões. Vai direcionar os recursos para ações que impulsionem as vendas. A contenção alcançará também as coleções.
A previsão é de realizar menos compras em 2020, aproveitando melhor a estrutura das coleções. A estimativa é economizar em torno de R$ 100 milhões no ano. O nível elevado de estoque vai ajudar nessa estratégia, explicou a empresa em teleconferência com investidores e analistas de mercado. Apesar de alto, o estoque tem boa parte constituída por produtos neutros e que vão ajudar a compor o volume a ser vendido no ano que vem, afirmou a holding.
Até agora, isso não ocorria. Nas campanhas de liquidação, esses produtos também entravam em oferta. “E a gente voltava a comprar produtos similares para as coleções seguintes. É isso que a gente está evitando fazer agora”, disse Bauermeister na teleconferência de resultados. Além de comprar menos, mais produtos serão vendidos a preços cheios, ressalta.
EXPECTATIVA DE CRESCIMENTO PARA 2020
No trimestre, a Restoque reduziu drasticamente as promoções e liquidação de coleções no canal de varejo por considerar que afetam “direta e negativamente as vendas do canal de atacado”, segmento que a empresa está investindo para crescer. Outra medida já tomada no trimestre anterior foi refrear as vendas a terceiros que vendem online, como os marketplaces, e que concorrem com o canal de vendas online das próprias marcas da companhia.
Somadas as duas estratégias impactam de forma negativa na receita de curto prazo, reconhece a empresa. Também destaca que o cenário será passageiro “até que haja substituição de vendas com desconto por vendas a preço cheio. E migração de vendas realizadas online por terceiros para o canal online próprio”. Segundo a Restoque, as vendas online cresceram, alavancadas pelo sistema de omnichannel, que respondeu por 55% do movimento.
Desde o trimestre anterior, a Restoque tem aumentado as vendas a multimarcas e a expansão se estendeu pelo terceiro trimestre. Com destaque para a Le Lis Blanc que a partir de outubro passou a operar no atacado por pedido com a coleção do verão 2020.
Em função de todos esses ajustes, a empresa acredita que 2020 será um ano mais estável, sobre bases que favoreçam o crescimento de vendas e resultado operacional.
A Restoque encerrou setembro com 255 lojas, uma a mais do que tinha no trimestre anterior. Do total 93 são da Le Lis Blanc; 67 da Dudalina; 50 da John John; 25 da Bo.Bô; e 20 da Rosa Chá.