Entre os projetos constam a implantação de estoque únicos para todos os canais de venda da companhia e a adoção de smartphones para os vendedores das lojas, visando abolir o caixa
A partir do segundo semestre, a holding Restoque que controla sete marcas nacionais pretende avançar com os investimentos em tecnologia, estimulada pelos resultados apurados de janeiro a junho. A expectativa é até o final do ano unificar todo o estoque como parte do plano para aumentar as vendas online e envolvendo a troca da plataforma atual de omnichannel, disse aos analistas em conferência de resultados Livinston Bauermeister, CEO da companhia dona da Le Lis Blanc, da Dudalina, da John John, da Bo.Bô, da Rosa Chá, da Base e da Individual.
“Teremos um estoque único até o final do ano, com o atendimento ao consumidor sendo feito pelas lojas”, explicou o executivo. A medida tornaria a entrega das vendas online mais rápida, especialmente para localidades distantes dos dois centros de distribuição da empresa, hoje, localizados em São Paulo e Goiás. No segundo trimestre, o ecommerce gerou R$ 12,8 milhões em vendas, representando cerca de 3% da receita da empresa no período. Apesar da queda de 14,6% contra o ano anterior, “o canal apresentou um melhor perfil de vendas, com uma substancial queda no nível de descontos e aumentando sua participação sobre o total de faturamento da companhia em relação ao primeiro trimestre de 2018”, ressaltou o relatório que acompanha os resultados do primeiro semestre.
Também estão em desenvolvimento dois apps complementares, conta Bauermeister. Um destinado aos clientes das marcas, para ser baixado para smartphone, de modo que se o consumidor entrar em uma das lojas e estiver logado, o vendedor saberá o perfil de compras e poderá fazer sugestões mais assertivas, estima Bauermeister. Isso porque o outro app visa justamente equipar os vendedores das unidades com smartphones capazes de fazer essa leitura de perfil do cliente e no mesmo dispositivo fazer o checkout, eliminando a necessidade de manter o balcão de caixa.
“É um processo longo, mas caminhamos nessa direção”, afirmou o CEO aos analistas de mercado e investidores. Segundo ele, o projeto de smartphone está em teste, prevendo o rollout para 2019 em todas as lojas. “O ritmo dependerá da evolução observada no segundo semestre”, ponderou em seguida.
LUCRO AUMENTA E RECEITA CAI
De volta ao lucro líquido pelo terceiro trimestre consecutivo, a Restoque se mostra satisfeita com os resultados. O ganhos do segundo trimestre somaram R$ 30,25 milhões, elevando o lucro do primeiro semestre para R$ 50,62 milhões, contra prejuízo de R$ 1,99 milhão acumulado de janeiro a junho de 2017, mostra o balanço financeiro. Já a receita líquida caiu na comparação com o ano passado.
No segundo trimestre, a companhia teve faturamento de R$ 333,86 milhões, 2,1% menos que no mesmo período de 2017. A receita semestral atingiu R$ 633,18 milhões, queda de 0,8% sobre os primeiros seis meses do ano passado. A companhia explica que depois das intensas mudanças de 2017, entre as quais a decisão de concentrar a produção em três fábricas, fechando as outras duas, o foco em 2018 foi na eficiência da operação. “E nesse sentido não esperamos grandes movimentações de vendas no segundo semestre, que devem ficar alinhadas com o segundo semestre do ano passado”, avaliou Bauermeister. O fator incerteza é o resultado das eleições para presidente em outubro, diz.
Dos três centros de distribuição que chegou a ter, a Restoque manteve dois, sendo que o de Santa Catarina foi desativado e a estrutura transferida para Goiás. Por conta dessa mudança, a operação logística foi afetada com recebimentos de mercadorias antecipados, sobretudo de importados, para garantir o abastecimento, medida que elevou o nível de estoques. A previsão é a operação do CD de Goiás se normalizar entre outubro e novembro de 2018.
AJUSTES NA REDE DE LOJAS CONTINUA
O processo de readequação do tamanho da rede de lojas de todas as marcas com presença direta no varejo persistiu no segundo trimestre, ao longo do qual foram fechadas outras 11 lojas. A holding passou de uma base total de 301 lojas em junho de 2017 para 272 em junho de 2018, “seguindo seu plano de conferir maior eficiência ao varejo, com foco em maior produtividade da base existente de lojas, no ganho de rentabilidade e na geração de caixa”, explica o relatório de resultados.
Mesmo com os ajustes, a maior rede continua sendo a da Le Lis Blanc com 96 lojas em operação, uma a menos do que tinha ao final de março. A Dudalina fechou mais duas unidades, ficando com 74 pontos de venda de varejo. A John John manteve 52 lojas, quatro a menos que no primeiro trimestre de 2018. Da Bo.Bô foram encerradas três unidades desde março, com a rede da marca somando 31 pontos. Ainda em reposicionamento, a Rosa Chá perdeu mais um ponto, ficando com 19 lojas. “No segundo semestre, pode ter uma variação para mais ou para menos, mas, certamente será uma variação marginal”, afirmou o CEO da companhia.
Por conta da política de reduzir o volume de promoções, vendendo as coleções com preço cheio, a rede Estoque, de outlet de todas as marcas, fechou mais pontos. No relatório a Restoque não informa o número exato, mas a estimativa é de a rede ter ficado com 23 unidades, das 40 que tinha ao final do primeiro semestre de 2017, que foram fechadas gradualmente.
O investimento entre abril e junho totalizou R$ 36,42 milhões, praticamente R$ 15 milhões a mais que o desembolso realizado no segundo trimestre do ano passado.