Para consultoras do centro de pesquisa têxtil, o designer deve priorizar o conforto, levar em conta a mobilidade e evitar soluções muito ajustadas ao corpo.
Por ser uma peça atemporal, a modelagem do jeans levanta muitas questões quando se leva em conta a neutralização de gêneros. Para que o consumidor se sinta bem ao vestir, o designer deve trabalhar as peças sob a ótica da funcionalidade e do conforto, caprichando na escolha dos materiais, cores, composições e nos acabamentos das lavagens. “Algumas soluções interessantes para o jeans sem gênero são composições com elastano; peças com folga, mas sem desconstruir o corpo, especialmente nas áreas de quadril, gancho e coxa; calças com possibilidade de ajustes na cintura, seja com elásticos, cintos ou aletas; e calças com bainhas adaptáveis, como as mais curtas que podem ter as bainhas viradas em função das diferenças de estaturas”, afirma Patrícia Martins Dinis, consultora técnica do Senai Cetiqt.
Em sua opinião, ao desenvolver modelos unissex, o estilista deve pensar que as peças não podem marcar demais o corpo para dar mobilidade ao consumidor, com pontos naturais de ajuste, especialmente na linha da cintura. “Na hora de aprovar as modelagens é importante testar os protótipos em homens e mulheres com medidas de circunferência de quadril e estatura aproximada, verificando o caimento, a marcação do corpo, a mobilidade e o conforto”, ressalta.
Para a professora de modelagem Marilene Rocha, também do Senai Cetiqt, as calças devem apresentar folgas no quadril, na cintura e na altura de gancho, para não caracterizar o corpo masculino e nem o feminino. “Acredito que os clientes que buscam esse estilo de roupa priorizam o conforto na modelagem e nos materiais utilizados”, afirma.
Na seleção da tabela de medidas, de acordo com Patrícia, devem ser priorizadas a cintura flexibilizada por ajustes, as medidas de circunferência do quadril, de altura da cintura-pelve (gancho) e a medida de entrepernas. “Possivelmente deve haver um remanejamento de manequins, pois a circunferência de quadril feminina tende a ser maior que a masculina em uma numeração similar”, afirma. Uma mulher com biótipo retangular e com cintura de 85 centímetros, por exemplo, tende a possuir um quadril com 100 centímetros. Já um homem de biótipo normal e com cintura de 85 centímetros tende a possuir um quadril com 95 centímetros. “Neste caso, temos na área do quadril uma diferença de 5 centímetros entre os gêneros que deve ser trabalhada na folga a ser aplicada no modelo de calça. Já o entrepernas pode ser trabalhado em uma mesma faixa de 75 a 80 centímetros (estatura média), assim como a altura cintura-pelve (gancho) pode ser trabalhada entre 24 e 28 centímetros”, completa Patrícia.
Na opinião de Marilene Rocha, uma tabela unissex ideal deve ser mais próxima do perfil masculino e trabalhar com tamanhos P, M e G que são mais genéricos do que especificar por números.