Evento mantém o perfil de valorização autoral, em meio aos movimentos de defesa do mercado têxtil brasileiro
De plataforma de lançamento de talentos locais, o Dragão Fashion abriu espaço para criadores de outros estados, jovens e consagrados. A 9ª edição que terminou no sábado, 5, em Fortaleza (CE), consumiu investimento de cerca de R$ 800 mil e, de acordo com os organizadores, atraiu com 28 desfiles realizados perto de 6 mil pessoas por dia, desde 31 de março, quando abriu, até o encerramento oficial com desfile da C&A, junto com show do Capital Inicial.
“Apesar de todas as dificuldades vamos continuar fazendo este evento para sempre”, declarou Cláudio Silveira, organizador do projeto, na despedida. Realizado no centro de convenções Eça de Queiroz, o Dragão tem reserva para até 2012 no local, conta Helena Silveira, diretora da empresa que organiza o evento. Segundo ela, para esta edição foram distribuídos 80 mil convites, sendo 30 mil deles com acesso às três salas de desfile. O volume de convites distribuídos aumentou quase 30% em relação à edição anterior, informa Helena.
Desde o início, o evento conta com patrocínio da Santana Textiles. “O Dragão Fashion cresceu dando oportunidade a jovens criadores talentosos, está cada dia mais profissional e o estado precisa reconhecer a necessidade de investir na criação de moda”, avalia Verônica Perdigão, vice-presidente da Santana e presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Ceará. A executiva participa do movimento de defesa da indústria têxtil brasileira, que acompanha com apreensão o crescente avanço da importação de peças prontas e tecido. “A China ou outros países não nos metem medo em preço ou qualidade, desde que em condições comerciais iguais”, diz Verônica, fazendo referência a práticas ilegais de importação, como sonegação e subfaturamento, e criminosas, como o contrabando.
Uma das propostas defendidas pelo sindicado cearense é reduzir o número de portos no país. “Hoje, temos mais de cem portos em funcionamento. Defendemos a redução para seis portos, com estruturas técnicas mais modernas, que permitam melhor controle das mercadorias”, argumenta a executiva da Santana.
Ela faz questão de afirmar que, a despeito das condições adversas do mercado em geral, a Santana continua a crescer e mantém o programa de investimentos industriais. Como exemplo cita a nova da linha de fiação, que entrou em operação no início do ano, e a segunda etapa de implantação da fábrica na Argentina que, em março como estava programado, pôs em funcionamento a linha de tecelagem. A construção de uma unidade produtiva na América do Norte continua em análise, garante.
Em sintonia com as artes
Como o tema deste ano foi Dragão de Todas as Artes, os estilistas convidados a compor o quadro de desfiles transitaram por referências da música, das artes plásticas, do cinema e da literatura. Emblemático pelo fato de reunir nove criadores revelados pelo concurso Novos Talentos do Dragão Fashion e que continuam a participar da mostra, o grupo Coletivo decidiu lançar a coleção 2008 em sessão paralela realizada no Cine São Luiz, no centro da capital cearense e cujo prédio é tombado como patrimônio histórico e arquitetônico. Cada um dos estilistas escolheu uma obra de Nelson Rodrigues como base para o desfile – quatro na forma de curta-metragem e cinco com apresentação tradicional ao vivo.
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fotos: divulgação
*a jornalista viajou a convite do Dragão Fashion