Dois especialistas listam os principais cuidados para marcas que optam por terceirizar a produção com segurança e bons resultados

Contratar um fornecedor de private label (PL) para a produção de produtos pode ser uma excelente solução para marcas que desejam ampliar o portfólio sem investir em estrutura fabril própria. Mas, como alertam dois especialistas consultados pelo GBLjeans, embora o preço baixo seja tentador, o barato pode muitas vezes sair caro. Evitar erros na contratação é essencial para garantir prazos, qualidade e reputação.
A partir da análise de Maurício Lobo, gestor de marcas, e de Gleison Carneiro, especialista em jeanswear, o GBLjeans elaborou um guia prático com os principais erros cometidos por marcas ao contratar fornecedor PL; os sinais de confiança entre parceiros industriais a serem detectados; e boas práticas para manter o relacionamento produtivo durante a execução.
Da estrutura da fábrica ao cronograma de produção, cada detalhe conta, concordam os dois especialistas.
❌ ERROS MAIS COMUNS
1. Focar apenas no preço
É tentador escolher o fornecedor com o menor custo, mas essa estratégia costuma gerar problemas sérios: atrasos, baixa qualidade, matérias-primas inferiores e falta de padronização. O preço precisa ser avaliado junto da estrutura, capacidade de produção, prazo de pagamento e histórico do fornecedor.
“Quem contrata o serviço precisa ter garantia de que receberá produções com qualidade e no prazo combinado.Quase sempre quem trabalha com preço muito baixo não tem como garantir desenvolvimentos assertivos, matérias primas de qualidade e produções dentro do prazo e padronizadas com o piloto aprovado, dentre outros critérios”, alerta o especialista Gleison Carneiro.
2. Não visitar a estrutura do fornecedor
Promessas são fáceis de fazer. Por isso, visitar a fábrica e conhecer o processo interno é essencial. Avalie o que é feito internamente e o que é terceirizado (costura, lavanderia etc.). Se possível, informe-se também sobre as condições de trabalho, vínculo dos colaboradores e práticas ambientais, especialmente em lavanderias.
Algumas fábricas são mais ágeis e eficientes com peças básicas. Outras, com modelos mais elaborados ou lavagens diferenciadas. Saber o que cada PL faz melhor ajuda a direcionar sua coleção com mais assertividade.
3. Não contar com inspeção de qualidade
Ter um inspetor de qualidade ajuda a entender como o custo se forma e qual parceiro é mais indicado para cada tipo de peça. Na ausência deste profissional o próprio departamento de produto ou estilo tem que assumir esta função.
“Vi um caso em que o mesmo bolso embutido custava R$0,80 numa fábrica e R$0,50 em outra. A visita de inspeção mostrou que a segunda fábrica usava máquina automática para fazer o bolso embutido, o que baixava o tempo e o custo por operação”, conta o gestor de marca Maurício Lobo.
4 – Não conhecer o fluxo do processo
Todos podem prometer o que quiser. Mas conhecendo a estrutura e os processos internos do PL é possível estimar se o prazo prometido será cumprido, antes de contratar um serviço de private label.
“Exemplo: um PL de jeans que tem operação de desenvolvimento, corte e acabamento internos, terceirizando costura e lavanderia, e que trabalha em média com 10 clientes, não pode prometer entrega com menos de 45 dias, considerando o tempo de desenvolvimento do produto”, ensina Gleison.
5. Ignorar variáveis logísticas
Atrasos por transporte ou problemas com segurança de carga afetam diretamente a operação. Deve-se considerar o tempo do transporte do fornecedor até o recebimento da mercadoria pelo cliente, evitando assim cancelamentos ou devoluções. É fundamental também saber como o fornecedor lida com imprevistos como roubos ou extravios. Se contrata seguro de carga, ou não.
6. Não criar briefing claro
O fornecedor precisa saber exatamente o que se espera dele. Isso demanda briefing detalhado por parte da marca, apontando informações sobre tecidos, modelagens, acabamentos, entre outras variáveis. Isso permite ganhar tempo e garante o alinhamento.
7. Falta de cronograma por etapas
Só ter uma data de entrega final não basta. É preciso estabelecer datas (realistas) para cada fase – modelagem, corte, lavanderia, acabamento etc. Assim, dá para acompanhar o andamento e corrigir eventuais desvios ainda durante o processo. Coopere para solucionar imprevistos, sem abrir mão do padrão.
📝 O QUÊ SABER ANTES
Antes de procurar fornecedor PL, a marca deve ter clareza sobre diversos aspectos, lista Maurício:
- Características de produto valorizadas pelo seu público
- Quantidade de modelos e volumes a serem encomendados por modelo
- Ficha técnica completa, com referências de lavanderia (no caso do jeans)
- Coerência de coleção (evita dispersão de produção)
- Classificação dos produtos por faixa de preço (ex.: P1, P2, P3), para compatibilizar matéria-prima e acabamento com o posicionamento desejado
- Deixe claro seu nível de exigência desde o início
🔍 SINAIS DE PL CONFIÁVEL
- Profissionais com bom nível técnico e interesse real em entender o nicho da marca
- Comunicação clara entre as áreas de desenvolvimento e produção
- Rigor no uso e preenchimento de fichas técnicas
- Clareza sobre quais tipos de peças a fábrica executa melhor
- Estoque regular de matérias-primas e insumos
- Transparência sobre fornecedores e especialidades
“Todo PL diz que faz de tudo. Mas as melhores produções vêm de fábricas que reconhecem suas fortalezas”, afirmam os especialistas.
❓ PERGUNTAS QUE NÃO PODEM FALTAR
Ao visitar um PL, faça perguntas além de preço e prazo.
- Qual a capacidade mensal de produção?
- Qual o mínimo de peças por modelo?
- Quanto tempo leva para desenvolver a peça-piloto?
- Qual o prazo de entrega após aprovação da peça-piloto?
- Quais são seus principais fornecedores de insumos?
- Quais tecidos estão em estoque regularmente?
- Produção é interna ou terceirizada? Se for externa, como é controlada?
- Quais clientes atuais e anteriores?
- A empresa trata e reutiliza água? Como descarta resíduos?
- Possui certificados de qualidade?
💡 PARCERIA MAIS QUE PREÇO
Contratar um PL (private label) vai além de fechar um pedido. É firmar uma parceria estratégica, salientam os dois especialistas. Conhecimento técnico, acompanhamento, alinhamento e clareza nas informações são os pilares para evitar frustrações e garantir produtos que representem bem a marca no mercado.
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