Primeiro bloco esgotou-se em 2 dias no site Re-Commerce Atacama, criado para recuperar roupas despejadas em lixão no deserto chileno.

Ação envolvendo empresas e organizações do Brasil e do Chile desenvolveu um site específico para o resgate de peças descartadas em lixão no deserto chileno de Atacama. O Re-Commerce Atacama tem a concepção semelhante a de um site de vendas. Contudo, não se paga pela roupa resgatada; o encargo que incide sobre a transação é o custo do frete. Liberado em 17 de março, o 1º lote acabou dois dias depois. Sobre as peças, restou a tarja Sold (vendido, em inglês).
Consultada, a Artplan, agência de publicidade de Roberto Medina, criador do Rock in Rio e The Town, entre outros eventos musicais, e responsável por essa ação, informou que novo lote de peças resgatadas serão oferecidas no site. Porém, ainda sem prazo definido. O site foi desenvolvido pela Vtex. Participam ainda da ação o braço brasileiro do movimento Fashion Revolution e a entidade chilena Desierto Vestido, dedicada a livrar o Atacama do lixo da moda.
Muitas das peças que apareceram no site de resgate do Atacama são de marcas renomadas, nunca usadas e em ótimo estado. Essas peças são resgatadas e devidamente higienizadas para serem oferecidas no site. Nem todas, porém, chegam ao Brasil, mesmo pagando frete. Em uma delas, ao colocar o CEP do destinatário no Brasil, aparece a mensagem de que a peça não está disponível para o endereço indicado no país.
PROBLEMA AMBIENTAL
Não é novo o lixão de roupas depositado no deserto de Atacama próximo ao povoado Alto do Hospício nas franjas ao norte do Chile. Mas ganhou visibilidade em 2021 em foto que correu o mundo, expondo o grave problema ambiental provocado pelo despejo incorreto de roupas, entre usadas, resíduos e novas.
O Chile é dos poucos países da América do Sul que aceitam importar roupa usada, concentrando cerca de 90% do excesso têxtil de países produtores que abastecem marcas dos Estados Unidos e de países da Europa.
Conforme dados divulgados pela ação Re-Commerce Atacama, a estimativa é de que 39 mil toneladas de peças sejam despejadas irregularmente no Chile a cada ano. Isso representa algo em torno a 60% de tudo o que entra no país pela zona franca de Iquique (Zofri), na região portuária da cidade.
foto: divulgação