Consultoria une marcas com grupos produtivos, tendo como missão modificar a lógica de consumo.
Atuando há dez anos na capital paulista, o Instituto Ecotece tem como missão modificar as lógicas de produção e consumo para que a moda possa ser mais ética, sustentável e inclusiva. Nos últimos anos focou no trabalho com grupos produtivos de comércio justo e economia solidária. Um dos programas do instituto é o Ecotece+ que trabalha junto a marcas que estão repensando práticas produtivas, buscam produção artesanal e novos materiais, e se preocupam com quem está fazendo suas roupas. “Unimos as empresas de moda a grupos em situação de vulnerabilidade demográfica, como mulheres em comunidades carentes e grupos de saúde mental”, explica a diretora, Lia Spínola.
O instituto trabalha com uma rede de 17 grupos, de três a 30 pessoas, de diversas especialidades, localizados principalmente em São Paulo e na Grande São Paulo. “São grupos produtivos especializados em costura, malharia, bordado, tear, estampas, transfer, estêncil e renda renascença que podem trabalhar em conjunto com as marcas do mercado”, explica Lia. Essa mão de obra recebe treinamento, consultoria sobre capacidade produtiva e gestão da produção. “Muitos acham que podem fazer tudo e acabam não se especializando em nada, por isso é tão importante a definição de sua expertise para que sejam procurados pelas marcas”, ressalta a diretora. Para as grifes o instituto dá consultoria sobre o modo de produção e matérias primas sustentáveis, viabilidade econômica e como o produto será apresentado ao consumidor final. O braço de gestão do instituto cuida da produção junto aos grupos, garantindo prazos e controle de qualidade, acrescenta Lia.
No início deste ano o Instituto Ecotece lançou um edital, em conjunto com a Prefeitura de São Paulo e a Fundação Arimax, para a seleção de cinco grupos aptos a trabalhar com cinco grifes de moda. Entre os contemplados estão o Arteiras Maristas, especializado em bordado, que fará um projeto com Flávia Aranha; o grupo Coletivo Cupins, de saúde mental, vai trabalhar com estampas junto com a Cavalera; o Mães da Oca, especializado em renda renascença, com a Alcaçuz; e o grupo Flor de Cabruera, que trabalha com bolsas feitas a partir de baners, vai produzir para a marca Baraúma. “Nosso trabalho é juntar as duas pontas – a marca e o grupo –, ajudar na proposta de trabalho, participar das reuniões de brifing e de todo o processo de gestão das coleções”, explica Lia.
O Instituto Ecotece também dá consultoria sobre sustentabilidade, tendo entre seus clientes a Surya especializada em moda infantil, e a My Basic, de malharia.