Ainda assim a expectativa é de pequeno crescimento já considerando a liberação de recursos das contas de FGTS a partir de setembro.
Diante do fraco desempenho do mercado no primeiro semestre do ano, a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) reviu as projeções de crescimento para 2019. E avalia que o mercado pode ainda registrar pequena expansão, mas longe das estimativas com as quais a entidade trabalhava. “O que ocorreu não foi bom, mas esperamos que os próximos meses nos permitam iniciar uma retomada”, pondera Fernando Pimentel, presidente da associação.
A estimativa atual aponta para aumento de 1,1% na produção têxtil nacional, ante os 5,2% projetados no início do ano. A produção de vestuário também foi revista de 5,5% para 1,6% de crescimento; enquanto o varejo de vestuário deverá expandir 1,5% contra os 4,8% esperados. Pimentel destaca que tradicionalmente o segundo semestre é mais forte e a liberação do FGTS a partir de setembro prometida pelo governo pode movimentar o mercado, porque parte dos recursos seriam usados para fins de consumo.
Segundo ele, se acontecer o mesmo quando da medida semelhante tomada pelo governo Temer, o vestuário receberia uma injeção de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões adicionais, algo como 2,5% do movimento anual do varejo de roupas. “Mas é bom e pode ajudar a fechar o semestre com algum ganho”, diz o executivo.
Sobre o nível de emprego, a Abit não prevê números negativos. Mas as projeções atuais estão bem longe da criação de 10 mil vagas estimadas para o ano. A revisão aponta para um saldo de 1.162 novos postos de trabalho ao final de 2019.
REFORMA TRIBUTÁRIA E ACORDO COM UNIÃO EUROPEIA
A Abit está avaliando as diversas propostas de reforma tributária e espera receber os autores em evento no final do mês na sede da entidade para discutir os aspectos de cada uma. Embora aguarde a proposta do governo federal, ressalta que o maior embaraço tem a ver com o ICMS, um tributo estadual. “Defendemos a simplificação e a redução da carga tributária ainda que não seja de imediato”, argumenta Pimentel.
O acordo comercial do Mercosul com a União Europeia cuja entrada em vigor depende de regulação nos países envolvidos é comemorado como um avanço. Na avaliação dele, abre oportunidades importantes de comércio, de investimentos e de intercâmbio de conhecimento tecnológico. Diante dessa expectativa, o executivo acredita que as empresas vão começar a se estruturar, inclusive com o que chama de “trocas societárias”, para concorrer nos novos mercados.