Brasileiro espera crise por 3 meses

Nesse período, haverá redução de gastos porque a maioria também prevê que a renda caia, mostra estudo da consultoria Mckinsey.

Pesquisa da consultoria Mckinsey sobre o comportamento do consumidor na crise da covid-19 sinaliza mudanças que as empresas deveriam considerar. As pessoas parecem de fato predispostas a repensar os hábitos de consumo. Mas não devido a uma revisão de filosofia de vida, como pregam os birôs de tendências. Consumidores de 38 países, incluindo o Brasil, esperam um grande impacto negativo sobre a renda familiar. Pelo recorte brasileiro, 63% avaliam que a renda vai cair como efeito da pandemia. Apenas 4% no país consideram que terão aumento de renda.

De acordo com a pesquisa da Mckinsey, entre 30 e 50% dos consumidores em todo o mundo esperam que sua renda familiar continue a cair nas próximas duas semanas. Outros poucos, menos de 10%, presumem que os rendimentos vão aumentar. Com a redução gradual do isolamento social no país, os consumidores chineses são os mais otimistas. Cerca de 30% deles avaliam que terão aumento de salário. Outros 37% presumem que a renda será reduzida.

EXTENSÃO DO IMPACTO

A pesquisa demonstra que em torno de 75% dos consumidores desses 38 países esperam que o impacto seja sentido por mais de dois meses. Outra parte (50%) espera que a duração dos efeitos da crise se estenda por mais de quatro meses. No Brasil, 88% trabalham com a expectativa de as conseqüências da pandemia sobre a economia durem de dois a três meses. E 47% julgam que os efeitos se prolongarão por mais de quatro meses.

“Mesmo na China e nos Estados Unidos, onde mais de 40% dos consumidores estão otimistas quanto à força geral de suas economias em recuperação, cerca de 90% esperam que levem mais de dois meses até que as rotinas voltem ao normal e mais de 50% esperam que suas finanças sejam impactadas por mais de quatro meses”, descreve o relatório da pesquisa.

CORTE DE GASTOS

Esse levantamento aponta que a maior parte dos consumidores está cortando dramaticamente “a maioria dos gastos discricionários”. Ou seja, aqueles que não são obrigatórios, como a conta de luz. Nessa categoria estão incluídos restaurantes, roupas, calçados, acessórios, viagens e entretenimento fora de casa. São atividades afetadas pelas regras de isolamento impostas pelos países para contenção dos casos de covid-19.

Com a redução gradual do isolamento, os consumidores da China acenam com uma volta ao consumo fora do básico, incluindo a compra de roupas. Em outros países, como Brasil, Japão e Portugal, o otimismo é considerado relativamente baixo. “Esperam aumentar os gastos – potencialmente devido ao comportamento de estocagem impulsionado pelos pedidos de permanecer em casa”, ressalta a análise da pesquisa.