Mas produção mundial tende a cair, com preços por tonelada em alta e reflexos da guerra comercial entre Estados Unidos e China que pode favorecer o Brasil
As projeções do Icac (International Cotton Advisory Committee), órgão que monitora o mercado de algodão, apontam para alta de 4% no consumo mundial da fibra na safra de 2018/19. Confirmada, atingiria 27,5 milhões de toneladas, volume considerado um recorde. De acordo com a entidade, a capacidade de os agricultores capitalizarem essa forte demanda é limitada devido ao estresse ambiental, em especial à falta de água para as lavouras. A estimativa é a produção mundial de algodão cair 4% em relação à safra anterior, reduzida para 25,89 milhões de toneladas.
A previsão é a área de plantação de algodão em 2018/19 cair nos principais países produtores, incluindo Índia (cuja safra chegaria a 11,9 milhões de hectares, queda de 3%) e Estados Unidos (4,25 milhões de hectares, queda de 5%). A produção deve permanecer estável na China em 3,3 milhões de hectares, estima o Icac. A diferença entre produção e consumo atuará como mais um fator de pressão sobre os preços do algodão, que têm oscilado. Teve alta forte em meados de junho no mercado internacional, recuou no início de julho e voltaram a ficar acima da média.
“Normalmente, os preços altos levam a um aumento no cultivo de algodão, mas as condições ambientais abaixo do ideal e a falta de água disponível devem causar uma redução na área plantada em muitos dos maiores produtores mundiais em 2018/19”, atesta o relatório mensal da entidade. A guerra de tarifas entre Estados Unidos e China também pode afetar o comércio global. Com o aumento de tarifas chinesas sobre o algodão americano, espera-se que os Estados Unidos busquem novos mercados para sua fibra. Ao mesmo tempo que novos exportadores podem passar a fornecer para a China, como o Brasil.
Com o consumo global em alta, os estoques mundiais de algodão também vão cair, devendo terminar a safra 2018/19 com 17,7 milhões de toneladas. Segundo o Icac, os estoques na China deverão cair pelo quinto ano consecutivo para 7,5 milhões de toneladas, enquanto as reservas no exterior ficarão estáveis em 10,1 milhões de toneladas.