A expectativa é manter a taxa de investimento em torno de US$ 1 bilhão, de acordo com o novo presidente do Sinditêxtil-SP
A indústria têxtil paulista prevê faturar US$ 14,3 bilhões, em 2011, frente a um aumento projetado de produção de 4% no ano. A expectativa é manter a taxa de investimento no patamar de US$ 1 bilhão. Mas, para Alfredo Bonduki, o novo presidente do Sinditêxtil-SP, que assume a entidade no período entre janeiro de 2011 e 2013, o ano será também de desafios, sobretudo em função das definições a serem tomadas pelos novos governos nas esferas federal e estadual.
“Talvez mudanças de direções possam ser boas, como firmar acordos bilaterais internacionais para o setor. Há também muitos riscos, especialmente nas áreas trabalhista e tributária”, afirmou Bonduki, presidente da Linhas Bonfio. Ele sucederá a Rafael Cervone Netto, que cumpriu dois mandatos à frente do sindicato. De antemão, a estimativa do Sinditêxtil paulista é de o setor criar 10 mil vagas no próximo ano, ante os 30 mil novos postos de trabalho gerados ao longo de 2010.
Um dos fatores a que ele atribui a desaceleração no ritmo das contratações em 2011 é o reajuste salarial da categoria, considerado alto em relação ao concedido por outros estados. O acordo trabalhista de São Paulo estipulou reajuste de 6,5% para salários até R$ 6,7 mil e aumento do piso de 8,5%, subindo para R$ 701,80.
Redução da carga tributária permanece na pauta de negociações com a equipe do governador eleito Geraldo Alckmin. O principal argumento será o grande aumento da arrecadação de ICMS verificado após a redução das alíquotas para o setor têxtil de 18% para 12%, primeiro e, mais recentemente, para 7%. Outro ponto em discussão é o custo da energia elétrica e do gás natural, considerados altos demais. No plano federal, o Sinditêxtil-SP pretende discutir os incentivos fiscais concedidos por outros estados e que afetam o desempenho da indústria paulista. De acordo com o sindicato, a lei Pró-Emprego, de Santa Catarina, é uma das mais preocupantes, porque incentivaria a importação de produtos acabados em detrimento da produção local. O estado permite ICMS a 3%, inclusive para importações.
Para 2011, a regional de São Paulo do Sinditêxtil tem diversos projetos em desenvolvimento. Entre os quais o estudo para resolver o problema da coleta de resíduos e reciclagem dos retalhos gerados no Brás e no Bom Retiro, que muitas vezes acabam espalhados pelas ruas dos dois bairros. Segundo Cervone Netto, vários agentes serão envolvidos em busca da solução, que prevê, inclusive, a construção de uma usina de reciclagem e investimentos governamentais.
Outra meta é intensificar as ações de aproximação da indústria com os estilistas. Cervone Netto cita como exemplos nesse sentido parcerias já firmadas com a Casa dos Criadores, SPFW, Dragão Fashion, entre outros eventos de moda.