Demissão de funcionários, showroom lacrado, negócios não consumados, mas a posição oficial da empresa continua sendo a de que são ajustes próprios do mercado
Na sexta-feira, 28, a Zoomp homologou a demissão de 14 de um grupo de 44 funcionários de lojas da marca que, dispensados sem terem recebido as verbas decisórias devidas, recorreram à intermediação do Sindicato dos Comerciários da cidade de São Paulo para chegarem a um acordo com a empresa. A homologação da dispensa dos outros 30 que não atenderam a convocação está agendada para a próxima sexta-feira, 4.
Pelo acordo assinado, a empresa quitará a dívida trabalhista em três parcelas. O grupo de 14 demitidos que foi ao sindicato na sexta-feira recebeu cheque referente a aviso prévio, férias, 13º salário, saldo salário. No final de abril, eles receberão a segunda parcela referente à multa prevista em lei de um salário por empregado, quando a homologação ultrapassa o prazo legal de dez dias, explica Marcos Roberto Mathias, advogado do departamento jurídico do sindicato que conduziu a reunião. A terceira parcela a ser paga em maio cobre a multa de 40% paga por empresas que demitem sem justa.
Março negro
A negociação avançou depois de o sindicato promover manifestação na porta da loja da Zoomp da rua Oscar Freire, em pleno quadrilátero da moda, no início de março. As notícias sobre as dificuldades financeiras da holding IM, saudada como símbolo de uma nova era no universo da moda, ganharam impulso também no início de março com reportagem de destaque publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, apontando pendências trabalhistas e com fornecedores; e o desmentido acerca da compra da Cúmplice, anunciada com barulho pelo próprio grupo.
A essa reportagem sucederam várias notas na imprensa, como o prédio lacrado que chegou a ostentar a logomarca IM em letras garrafais na fachada, localizado na esquina das ruas Bela Cintra com a Estados Unidos, e na sexta-feira, a nota da Folha de S. Paulo, informando que Alexandre Herchcovitch, diretor criativo e gestor de marcas do grupo, retomaria as marcas dele porque o contrato não teria sido assinado.
Os controladores – Enzo Monzani e Conrado Will – negam a crise. Sobre as dívidas trabalhistas, a empresa declara que fez ajuste no quadro de funcionários mas que as possíveis pendências estão sendo resolvidas. Sobre o prédio lacrado na semana passada, comunicado informa que nas instalações funcionou um showroom provisório da empresa, que teria sido desativado em fevereiro. Porém, durante a SPFW, em janeiro, o grupo anunciou a compra de seis marcas, além da Zoomp e da Zapping, e também informou que, em março, seria inaugurado o showroom de todas as marcas para facilitar as vendas no atacado.
Ontem, a empresa soltou o seguinte comunicado à imprensa sobre a relação com Alexandre Herchcovitch : “A holding IM informa que ao contrário de informação veiculada pela imprensa, não tivemos nenhum posicionamento do estilista diferente do anunciado anteriormente pelo grupo em relação às marcas Herchcovitch;Alexandre e Herchcovitch;jeans. As equipes de estilo das marcas continuam a trabalhar no dia a dia do negócio”.
Sobre pendências com fornecedores, a empresa declara que não se trata de dívidas, mas de alongamento de prazos de pagamento, face ao período de queda nas vendas comum no início de ano.