Estudo setorial da cadeia têxtil e de confecção de São Paulo aponta queda de 5% no varejo e 1,5% na produção no estado.
O Estudo Setorial da Cadeia Têxtil e de Confecção de São Paulo realizado pelo IEMI (Instituto de Estudos e Marketing Industrial) encomendado pelo Sinditêxtil e Sindivestuário, que reuniu dados das indústrias do setor no estado de São Paulo, Grande São Paulo e na região do pólo têxtil de Americana, mostra um cenário recessivo em 2014. As vendas do varejo no estado encolheram 5% ante um crescimento de 0,9% no país. A queda na produção industrial, no entanto, ficou em 1,5% ante 2% no país, mostrando que o estado continua fornecendo para o resto do Brasil. “Outro dado que chama a atenção é uma queda de 9 mil postos de trabalho no estado de São Paulo”, afirma Francisco José Ferraroli dos Santos, presidente em exercício do Sinditêxtil-SP.
O levantamento aponta que entre 2009 e 2013 houve aumento de 8,9% no número de empresas têxteis e confeccionistas em atividade no estado, passando de 9.030 para 9.191 empresas. No setor confeccionista, o número de empresas cresceu 9,8% (de 27.407 para 30.080 empresas) e nos segmentos têxteis (fiação, tecelagem, malharia e beneficiamento) houve aumento de apenas 1% (de 1.133 para 1.227 empresas).
No pólo têxtil de Americana o volume de empregos recuou 5,3% em 2013 sobre 2009, caindo de 45.501 para 45.098 postos de trabalho. Na grande São Paulo, o volume de empregos também encolheu, com queda de 2,4% em 2013 sobre 2012 (de 260.534 para 254.211 postos de trabalho).
Ainda na região de Americana, entre 2009 a 2013, a produção caiu 2,2% (de 284.847 para 278.636 toneladas). Dentro do segmento, todas as linhas apresentaram queda. A malharia, por exemplo, recuou 28,6% (de 11.307 para 8.075 toneladas). Já em tecelagem e fiação, o resultado é menos acentuado: queda de 1,5% (de 257.273 para 253.435 toneladas) e de 0,6% (de 76.189 para 75.740 toneladas), respectivamente. Por outro lado, as confecções obtiveram alta de 2,7% (85,114 milhões para 87,421 milhões de peças), devido à aceleração na produção de vestuário, que cresceu 15,3% no período (de 31,407 milhões para 36,220 milhões de peças). Em contrapartida, a linha lar recuou 4,7% (de 53,707 milhões para 51,201 milhões de peças).
Ferraroli explica as perdas do ano pela estagnação da economia durante a Copa do Mundo e eleições, além da alta da inflação. O Sinditêxtil prevê um 2015 também duro para o setor, “mas não catastrófico. Teremos um ano mais previsível, com ajustes necessários que serão feitos na economia”, afirma.
Bandeira do setor
No ano que vem o Sinditêxtil espera uma pequena alta de 1% nas vendas do varejo no estado de São Paulo, acompanhada por alta de 1% na produção industrial. No entanto, não é esperado aumento nas contratações. “Continuamos o diálogo junto ao governo buscando a melhoria da competitividade da indústria. Nossa bandeira de 2014 continua sendo a adoção do RTCC (Regime Tributário Competitivo da Confecção) que significa estender o Simples para todo o setor”, ressalta. De acordo com Ferraroli, a busca não é pela redução de impostos, mas a simplificação dos procedimentos. “É fundamental para nossa competitividade”, completa.
Outro movimento fundamental para o setor, segundo o presidente em exercício do Sinditêxtil, é a modernização e consequentemente maior produtividade. “Cada empresa tem que olhar como compete com similares internacionais e fazer os ajustes necessários”, afirma.
A produção em toneladas de fios, dividido pelo número de empregados, cresceu apenas 6% nos últimos cinco anos, o que é muito baixo comparado com o mercado internacional, diz Ferraroli. As tecelagens estão um pouco melhor nesse quesito, com crescimento de 16% nesse período. O setor de malharia não registrou crescimento. Segundo o executivo, os sindicatos querem trabalhar em conjunto com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) na produção de informações sobre modernização do setor para aumentar a competição e melhorar índices de produtividade.