Mesmo com o Natal, dezembro terminou em queda de vendas para tecidos, roupas e calçados, com taxa de recuo quase três vezes maior que a do comércio em geral.
Desde 2009, quando o varejo de tecidos, vestuário e calçados viu as vendas acumularem baixa de 2,7%, o segmento não enfrentava taxas negativas. A perda em 2014 foi de 1,1% em volume de vendas, que não foi suficiente, contudo, para atingir a receita bruta que se manteve em alta, com aumento de 3,4%. Os indicadores da atividade estão abaixo do desempenho exibido pelo comércio do país. Segundo a pesquisa mensal do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o varejo como um todo cresceu 2,2%, em volume de vendas, e 8,5%, em receita nominal, sem incluir material de construção ou veículos.
Além de tecidos, roupas e calçados, apenas dois outros segmentos sofreram com queda de vendas no Brasil: livros, jornais, revistas e artigos de papelaria, com menos 7,7%; e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, com menos 1,7%. De acordo com análise do IBGE, os resultados dessas atividades “podem ser explicados, em parte, pela redução do ritmo de crescimento da massa salarial”.
Dezembro complicado
O tombo nas vendas anuais refletiu, ainda, o péssimo resultado assinalado pelo varejo em geral em dezembro. Nem o Natal, geralmente uma das melhores épocas para roupas, tecidos e calçados, conseguiu reverter o quadro. Fechou o mês com retração de 7,30%, em vendas (quase o triplo da perda de 2,2% do varejo em geral), e de 7,90%, em receita (ante 2,4% de declínio do varejo como um todo), mostra a pesquisa divulgada ontem, 11 de fevereiro, pelo IBGE.
Desempenho dos estados
Entre 12 principais estados monitorados pela pesquisa, apenas dois – Ceará e Santa Catarina – apresentaram aumento de vendas de 4,5% e de 7,4%, respectivamente, em dezembro, em relação a igual mês de 2013. Expansão que foi acompanhada por aumento de receita de 9% em Santa Catarina e de 6,1%, no Ceará. Todos os demais estados tiveram queda de vendas no mês.
O destaque negativo mais expressivo de dezembro voltou a ser o Distrito Federal. As vendas de roupas, tecidos e calçados caíram 10% na praça, que também amargou queda de 3,8% em receita. Rio Grande do Sul e Paraná foram estados que, da mesma forma, registraram perda em volume de vendas – queda de 7,2% e de 8,3%, respectivamente – e de receita nominal (recuo de 3,4% e de 5,9%, respectivamente).
Ceará é o destaque positivo em desempenho anual. O estado fechou o ano com aumento de 8,8%, em volume físico de vendas, e de 12%, em receita nominal. Pernambuco foi outro estado em que as vendas cresceram no ano: o volume subiu 2,6% e o faturamento, 9,2%. Apenas São Paulo e Rio Grande do Sul acusaram perdas nos dois indicadores em 2014. Em volume de vendas, o mercado paulista caiu 5,3% e o gaúcho, 3%. Em receita nominal, o varejo de São Paulo faturou menos 1% e o do Rio Grande do Sul, menos 0,1%, praticamente empatando com o ano anterior.