Tragédia que matou 1.127 trabalhadores soterrados no desabamento do complexo de confecções Rana Plaza apressou a adesão.
Proposto por entidades internacionais que representam trabalhadores, o Accord on Fire and Building Safety, documento que discute formas para melhorar as condições de segurança dos prédios em que funcionam as confecções de Bangladesh, foi assinado por 34 empresas, a maioria da Europa, até a quarta-feira, 15, quando expirou o prazo de adesão. A data foi estipulada em reunião entre 40 compradores de vestuário, de varejistas e marcas, no final de abril, sob a pressão da tragédia que matou 1.127 trabalhadores soterrados no desabamento do Rana Plaza, complexo de oito andares que abrigava confecções que prestavam serviços a empresas estrangeiras.
Mas, as diretrizes desse plano já haviam sido traçadas no final do ano passado, à luz de outros acidentes envolvendo a morte de trabalhadores de confecções do país, considerado o segundo maior exportador de roupas em regime de PL (private label) do mundo – o primeiro é a China. Em 2012, 5,4 mil confecções responderam por US$ 20 bilhões em roupas exportadas, volume que representa 80% de tudo que o país embarcou para outras nações, de acordo com dados da entidade que reúne fabricantes e exportadores da área têxtil de Bangladesh.
Pelo acordo assinado, as empresas que contratam os serviços vão pagar pelas melhorias a serem implementadas. O desembolso varia conforme o volume contratado. O teto serão US$ 2,5 milhões, divididos em cinco anos. Há uma série de requisitos, como a contratação de auditorias e inspeções feitas por técnicos independentes para supervisionar cada fornecedor; exigência para que os salários continuem sendo pagos, mesmo que a confecção tenha que parar a produção para reformas – com prazo máximo de conclusão em seis meses.
O grupo de trabalho com representantes de todos os envolvidos terá 45 dias para definir um plano concreto de ação e os valores necessários para execução. Segundo agências internacionais de notícias, apesar de ser o maior importador das roupas feitas em Bangladesh, a adesão das empresas americanas foi muito pequena. As exceções são as marcas do grupo PVH (Calvin Klein, Tommmy Hilfiger, entre outras) e a Abercrombie & Fitch. Wal-Mart e Gap chegaram a participar das reuniões, mas, desistiram temendo as implicações em tribunais dos Estados Unidos por causa do vinculo jurídico previsto no acordo.
A rede de hipermercados comunicou ao mercado que vai contratar auditoria externa – o Bureau Veritas – para inspecionar as 279 fábricas com as quais trabalha e publicar os resultados até 1º de junho. De sua parte, a GAP também foi ao mercado para informar que adotará seu próprio plano, que inclui a contratação de peritos em segurança contra incêndio para inspecionar as fábricas contratadas.
Veja quais são as empresas que assinaram o acordo dentro do prazo combinado. A H&M liderou o movimento, seguida da PVH (Calvin Klein, Tommy Hilfiger). Com esse apoio de peso mais empresas se juntaram ao movimento: Abercrombie & Fitch; Aldi; Benetton; BonMarche; C&A; Carrefour; El Corte Inglés; Esprit; G-Star; Helly Hansen; Hess Natur; Inditex (Zara / Bershka); JBC; John Lewis; KiK; Lidl; Loblaws (Joe Fresh); M&S; Mango; Marks & Spencer; Mothercare; N. Brown Group (SimplyBe, High&Mighty etc.); Newlook; Next; Primark; Rewe;Sainsbury’ s; Stockmann; Switcher; Tchibo; Tesco; We Europe. Novas adesões serão bem aceitas, afirmam os organizadores, mas não poderão discordar de decisões já tomadas. Passado o prazo, mais quatro marcas europeias assinaram o acordo: Charles Vöegele; V&D; Otto Group; e S.Oliver.