Carnaúba deixa tecido impermeável

Pesquisadores da Finlândia desenvolveram método de revestimento à prova d’água, usando palmeira comum no nordeste brasileiro.

Pesquisa da universidade Aalto, da Finlândia, usou cera de carnaúba para deixar tecido impermeável, mantendo a propriedade de respirabilidade. A planta é uma palmeira, comum no nordeste brasileiro, e já empregada comercialmente em medicamentos, alimentos (como película de proteção de frutas) e para polir automóveis. Como o revestimento natural é depositado apenas nas fibras, os furos no tecido têxtil não são recobertos permitindo a troca de calor, ressaltam o time de pesquisadores.

Eles escreveram artigo publicado em revista científica descrevendo os resultados. Do experimento participaram Nina Forsman, Leena-Sisko Johansson, Hanna Koivula, Pirjo Kääriäinen, Monika Österberg e Matilda Tuure. Os pesquisadores compararam a respirabilidade dos tecidos tratados com cera natural com os artigos que usam produtos químicos tradicionais. Embora ambos mantenham a propriedade de repelir a água, os produtos convencionais vedam a superfície, retendo o calor na parte interna. E, portanto, não deixando o calor da transpiração corporal sair.

O revestimento aberto, ou seja, depositado apenas nas fibras aumenta a rugosidade da superfície. E, por consequência, adicionando mais barreira à água. Como também a película de cera de carnaúba é muito fina, não afeta o toque dos tecidos. O processo requer uso de calor para fixação da cera. A aplicação pode ser feita por imersão, spray e uso de pincel ou escova.

Para escala industrial, o processo seria aplicado na fase de acabamento do tecido. A pesquisa identificou também que por suas propriedades a cera de carnaúba também aceita a combinação com corantes. Dessa forma, enceraria e tingiria o tecido na mesma passagem.

PROBLEMAS A SEREM VENCIDOS

O sucesso do uso da cera de carnaúba para deixar tecidos à prova d’água foi comprovado. Mas a durabillidade da propriedade depende de mais pesquisas. Os pesquisadores afirmam que pelo método empregado, o revestimento não resistiu a lavagens sucessivas usando detergentes. Mas poderia já funcionar em peças que não são lavadas constantemente como casacos e jaquetas.

O método foi aplicado em diferentes materiais têxteis: viscose, liocel, algodão, cânhamo e malhas de algodão. Sobre tecidos e também sobre peças prontas de vestuário.

“Esse método pode se tornar uma opção como acabamento não-tóxico e degradável para obter repelência à água de materiais celulósicos naturais ou artificiais. A pulverização da mistura de cera-cor pode permitir produtos visualmente personalizados, seja pelos produtores ou pelos usuários”, conclui o artigo.