Projeto FuturoTextiles, que passará por outros países, marcou a inauguração do moderno centro europeu de pesquisas na área, localizado em Lille, ao norte da França.
Até 30 de dezembro, o moderno centro europeu para pesquisas de inovação têxtil, o Ceti, abrigou a nova edição da exposição itinerante FuturoTextiles, realizada pela primeira vez em 2006 e depois em 2008. A próxima parada da mostra FuturoTextules 3 será em Paris, a partir de 05 de fevereiro até 14 de julho. Entre as inovações, a exposição abordou o desenvolvimento de novas fibras, como a obtida a partir da caseína do leite ou a partir do milho, e dedicou especial atenção aos recursos da tecnologia navegando bem próximos dos elementos naturais, como a combinação de tecido com as propriedades da luz, seja para mimetizar cores da natureza, na tentativa por exemplo de reproduzir as cores das asas da borboleta, seja para aplicar aspectos funcionais.
Ciência e tecnologia são uma parte da exposição, que ainda conta com projetos artísticos, outros lúdicos (como o vestido-bote) e até poéticos, na tentativa de demonstrar a rica diversidade do universo têxtil. Faz um rápido, porém, didático retrospecto da evolução têxtil a partir do uso das fibras naturais, como o algodão e o linho, o lançamento e aplicação dos sintéticos, até a criação dos não-tecidos e os nanotêxteis. Um dos projetos em destaque é o pulôver produzido a partir da fibra de leite, desenvolvido pela cadeia de moda masculina Célio.
Para obter essa fibra, a caseína (proteína encontrada quando o leite de vaca coalha) é isolada e depois transformada em pasta. Processos de extrusão chegam aos fios têxteis. Segundo o Ceti, a fibra do leite combina as vantagens da fibra natural com a sintética: resistência; redução da eletricidade estática; solidez de cor; e toque macio; acompanhadas de propriedades de hidratação e antibactericida. A Célio já incluiu roupas, meias e cuecas feitas com fibra de leite em coleções recentes.
Impressão por sublimação foi outra tecnologia apresentada e aplicada em um protótipo de roupa futurista produzida em tecido altamente elástico. Envolve fazer um espelho do desenho, neste caso um galho com folha e teia de aranha, usando corantes especiais, aplicar sobre o tecido, passando por calandra a 210ºC por cerca de 30 segundos.
Experimentos com fibras ópticas, reprodução de metal, tecidos com memória estão entre as inovações apresentadas na mostra. Na parte de acessórios, a bolsa vermelha da Dognin para mulheres despertou curiosidade. É feita de couro moldado sobre a estrutura de tecido elástico e revestido de leds que tornam o interior luminoso. Basta abrir a bolsa que o interior se ilumina automaticamente, ajudando a encontrar o que se procura. Basicamente formado por projetos europeus, o brasileiro Jum Nakao figura entre os estrangeiros, participando com vestidos de papel, dentro do conceito da coleção que o estilista surpreendeu durante uma edição do SPFW de 2004.
Recuperação
A montagem da mostra FuturoTextiles 3 dentro do Ceti marcou a inauguração do prédio, aberto em outubro, e faz parte do esforço do governo francês de revitalizar o cinturão têxtil do Nord-Pas de Calais formado por Roubaix, Turcoing e Wattrelos – cidades que compõem a região metropolitana de Lille, situada no norte da França. De acordo com dados do Ceti, 40% das empresas têxteis dali fecharam as portas nos últimos 20 anos.
fotos: GBLjeans