Marca alemã anunciou aporte de US$5 milhões na nova subsidiária da empresa suíça.
No final do ano passado, a suíça HeiQ comunicou ao mercado ter desenvolvido um fio têxtil revolucionário capaz de substituir fibras convencionais, como poliéster e poliamida, com vantagens ambientais por trabalhar a partir de biopolímeros celulósicos. Para avançar na produção em escala da nova fibra, o fabricante fez uma chamada pública de modo a atrair parceiros ao projeto. A Hugo Boss atendeu o chamado e investiu US$5 milhões por uma participação no capital da HeiQ AeoniQ LLC, subsidiária integral da HeiQ Plc.
Mais US$ 4milhões poderão ser injetados pela Hugo Boss, condicionados a atingir metas de desempenho acordadas. É o primeiro investimento vinculado à sustentabilidade da marca alemã.
Na mesma data, a HeiQ também divulgou que expandiu a parceria com a The Lycra Company, que assinou contrato para ser a distribuidora exclusiva do fio HeiQ AeoniQ ao fazer um investimento na nova empresa, sob o compromisso de desenvolver a tecnologia para uma ampla aplicação em produtos têxteis. O valor investido não foi divulgado.
“Os compromissos financeiros de empresas de tamanho prestígio como a Hugo Boss e a The Lycra Company são fortes endossos do potencial revolucionário do HeiQ AeoniQ. Isso também demonstra nossa capacidade de comercializar nossa propriedade industrial HeiQ AeoniQ, agora avaliada em US$200 milhões”, declarou Carlo Centonze, cofundador e CEO do grupo HeiQ, em comunicado distribuído à imprensa.
BIOPOLÍMEROS
O capital arrecadado servirá de alavanca para dar escala e dimensão comercial à nova tecnologia, informou a companhia. Atualmente, a HeiQ constrói planta-piloto para o AeoniQ, na cidade de Herzogenburg, na Áustria, que espera entrar em produção no segundo trimestre de 2022. Inicialmente, capaz de produzir apenas 100 toneladas de AeoniQ por ano, calculou Centonze em apresentação no final do ano passado.
Mas a expectativa é construir sua primeira grande fábrica de AeoniQ até o final de 2024. O local está em seleção entre países da Europa Central.
A HeiQ ficou mais conhecida no mercado de jeans devido à tecnologia Viroblock, de tratamento de tecido para conferir proteção antiviral, inclusive para o coronavírus.
A HeiQ fala pouco sobre a tecnologia do fio AeoniQ. Diz que a base são biopolímeros celulósicos que dão origem a “um fio celulósico sustentável desenvolvido para circularidade e reciclagem de circuito fechado que, em última análise, poderia substituir as fibras à base de petróleo”.
A jornais internacionais, a empresa comentou que as fontes de celulose variam muito, de florestas a algas cultivadas por manejo sustentável, passando por resíduos têxteis de produção pré-consumo e de roupas descartadas.
Do ponto de vista dos fabricantes de tecidos, a companhia acrescenta que tecelagens e malharias poderão incorporar o fio na composição de seus artigos, usando os equipamentos que já têm instalados.
O comunicado à imprensa chama a tecnologia de “fio de descarbonizante”: “Como a fibra é projetada para ser circular, utiliza 100% de energia renovável na fabricação, oferece reciclagem em circuito fechado de mais de 99,5% dos fatores produtivos, não utiliza substâncias químicas tóxicas e não depende de terras cultiváveis, pesticidas ou fertilizantes para seus insumos”.
foto: divulgação (HeiQ)
