Gastos atualizados ao câmbio corrente do euro indicam aumento de 2%, em 2014, ainda menos do que os 3% do ano anterior, sustentado por compras de turistas.
Em 2014, as compras de bens de luxo, que inclui participação generosa de roupas (em torno de 25%), deverá movimentar 223 milhões de euros no mundo, valor 2% acima do que foi gasto pelos consumidores em 2013, considerando a atualização ao câmbio corrente. Dados anunciados pela Bain & Co, consultoria britânica que monitora esse segmento, revelam que com esse desempenho o mercado de luxo avança mais devagar, porém, a velocidade constante, em comparação aos 3% de crescimento de 2013.
São muito variados os fatores que levaram a estancar a expansão vertiginosa experimentada em anos recentes por esse mercado. Diz o relatório da 13ª edição do estudo Luxury Goods Worldwide Market, anunciado esta semana em Milão, que as influências passam pela fraqueza da economia européia, pela crise separatista da Ucrânia, pelos protestos em Hong Kong, pelas mudanças nas leis anticorrupção estabelecidas pelo novo governo da China, que limitam o valor dos presentes que funcionários do estado podem aceitar. E como a maior parte das compras é sustentada por consumidores fazendo turismo, a sucessão recente de acidentes aéreos e a ameaça do vírus Ebola também podem afetar as viagens, reduzindo as compras.
“Com exceção do Japão, da China e da América do Sul, todos os demais mercados são fortemente alimentados pelos gastos turísticos”, afirma o relatório. Os turistas chineses encabeçam a lista dos que mais compram bens de luxo no exterior – algo como três vezes mais do que gastam em seu país. É o contrário do que acontece no Japão, em que os consumidores gastam localmente incentivados pela desvalorização do iene, que já atingiu 30% desde 2012, e que sustentará expansão de 10% nas compras em 2014, aponta a Bain &Co.
As Américas também são apontadas pelo relatório como exemplo de desempenho positivo, com alta de 6%, a despeito das temperaturas extremas (muito frio ou muita seca) que castigaram os Estados Unidos e da desvalorização do real que impactou as compras no Brasil. A China mostra pela primeira vez tendência de queda, com redução de 1% nos gastos com luxo. O relatório aponta ainda expressivo crescimento do mercado de usados, como carros e barcos, respondendo por 16 bilhões de euros; e dos outlets, que dobraram participação em três anos, especialmente para roupas.