Estudo da Deloitte com jovens dos Estados Unidos mostra que pressões econômicas também explicam mudanças de hábitos desse consumidor.
Desde que constituíram uma nova e intrigante geração, aos millennials se atribuiu o movimento que rompeu hábitos de consumo, impulsionados pela tecnologia. Mas estudo da Deloitte nos Estados Unidos conclui que os gastos dos jovens que têm hoje de 25 a 34 anos não são muito diferentes dos de seus pais quando tinham a mesma idade. Apenas que os millennials têm menos dinheiro para gastar. Não houve uma mudança profunda nos padrões de gastos. Aumentaram as pressões financeiras, sobretudo entre os jovens de baixa renda (ganhos de até US$ 35 mil por ano).
Ao longo de um ano, especialistas da Deloitte ouviram 4 mil consumidores dos Estados Unidos. Foram consultados dados do governo, como o censo, e cruzados 200 bilhões de transações com cartão de crédito, entre outras fontes.
O estudo avalia que os millennials gastam praticamente com as mesmas coisas que seus pais quando jovens e em proporção semelhante. O problema é que desde 1996 o patrimônio líquido dos consumidores com menos de 35 anos caiu 34%. Se em 1995, o censo dos Estados Unidos registrava quase US$ 12 mil de renda anual (ajustada pela inflação) para a população abaixo de 35 anos, esse valor caiu para pouco mais de US$ 8 mil em 2004. E desceu para pouco mais de US$ 7 mil em 2014.
PADRÕES DE GASTOS COM ROUPAS
A análise dos padrões de gastos de consumidores com idades semelhantes ao longo de 30 anos revela poucas mudanças significativas na alocação de gastos nas grandes categorias de consumo. Se a geração anterior destinava 12% para comida, os millennials reservam 4%. Se a casa dos jovens de 1997 consumia 28% dos recursos, em 2017 absorveu 27%. Outros 4% da renda dos millennials vão para entretenimento, contra 5% destinados pela geração anterior.
Em vestuário, a diferença é maior. Caiu de 4% em 1997 para 2% em 2017. O estudo ressalta que essa diferença não pode ser associada necessariamente ao eventual desinteresse dos millennials por roupas. Alerta que ao longo desses 30 anos, houve pressão deflacionária sobre os preços do vestuário nos Estados Unidos. “Eles podem até comprar mais peças, só que elas custam menos”, ressalta o documento.
Em contrapartida aumentaram os custos com despesas de saúde, aluguel e educação (especialmente com financiamento estudantil). O que faz com que os jovens de hoje demorem mais ou adiem para casar, comprar imóvel próprio ou ter filhos.
QUESTÃO DE RENDA, NÃO DE GERAÇÕES
Não é a idade, mas a renda que está impulsionando a maior fatia da carteira para o entretenimento. Os millennials gastam 29% em experiências de consumo, como viagens e entretenimento, contra 28% dos Gen X e 26% dos Baby Boomers. Contudo, em recorte adicional, o estudo observou que os gastos aumentam conforme o nível de renda, não importando a idade.
Os que ganham mais de US$ 80 mil por ano destinam 33% para experiências de consumo. Esse percentual cai para 26% entre os que ganham entre US$ 35 mil até US$ 80 mil. E desce para 22% entre os que tem renda de US$ 0 a US$ 35 mil.