Estudo encomendado pela organização do evento mostra que o modelo atual cede sob o peso da velocidade com que as informações circulam pela internet.
Com base em estudo encomendado ao Boston Consulting Group, que entrevistou estilistas, marcas, varejistas, atacadistas e imprensa especializada, a entidade encarregada de organizar a semana de moda de Nova York, cidade que abre o calendário de desfiles, discute mudanças no formato atual do evento. Duas vezes por ano, as semanas de moda são realizadas para que marcas mostrem suas coleções para os compradores, que farão suas encomendas e receberão as mercadorias que chegarão ao varejo de quatro a seis meses depois de entrarem na passarela.
De acordo com o estudo divulgado pelo CFDA (Council of Fashion Designers of America), nos últimos anos, a evolução da tecnologia, o comportamento do consumidor, as mudanças climáticas e o ciclo do varejo transformaram-se em desafio para o modelo atual de mostrar as novidades. “A responsabilidade do CFDA é fornecer informações para ajudar os designers a decidir o que é bom para eles, aliviar a pressão e dar-lhes a liberdade para alocar seus recursos de uma forma que seja melhor para eles”, declarou Diane von Furstenberg, presidente do CFDA, em comunicado ao mercado.
Realizado em janeiro, o estudo denominado In-season relevancy é considerado um primeiro passo para discutir soluções de longo prazo e em conjunto, afirma o CFDA. Alguns modelos poderiam ser testados, como fazer showroom exclusivos para compradores e imprensa especializada antes das temporadas de desfiles-show, com as marcas implementando medidas para controlar a quantidade de imagens dos lançamentos divulgadas nas redes sociais até a realização do desfile; montar coleções cápsulas que seriam criadas para estarem disponíveis para a venda junto com os desfiles; entre outras medidas.
Na edição de setembro, a organização prevê algumas experiências que fogem do sistema atual. O CFDA também estaria em contato com os organizadores das outras três importantes semanas de moda do mundo – Paris, Milão e Londres – para ampliar o debate sobre as outras possibilidades.
Confira um resumo das principais questões a serem tratadas, segundo o estudo no Boston Consulting Group:
:: A tecnologia tornou os desfiles de moda acessíveis a um público muito maior que antes, em tempo real, ampliando a expectativa em torno do produto, que tem projetado passar até seis meses antes de estar disponível para venda no varejo.
:: As entregas estão sendo cada vez mais antecipadas, provocando desalinhamento com a estação física, forçando remarcações precoces, reduzindo preço cheio de venda e aprofundando a confusão do consumidor.
:: Vários estilistas e varejistas observaram duas tendências de consumo que afetam significativamente os negócios: a ascensão do conceito “buy now, wear now” (algo como comprar agora, usar agora); e a adoção acelerada de tendências e design, que acaba por acelerar também a fadiga do consumidor porque, passado o tempo de produção, quando o produto chega às lojas pode parecer fora de data ou obsoleto.
:: as redes e marcas de fast fashion estão colocando produtos no varejo antes mesmo de as coleções que serviram de inspiração serem postas à venda para o consumidor.