Aumento de 2 pontos percentuais sobre recorde de 2024, expõe o fracasso das metas para uma transição em larga escala

A produção global de fibras têxteis atingiu volume recorde em 2024, saltando para 132 milhões de toneladas, aumento de quase 6% em relação ao volume de 2023. No entanto, o marco preocupante revelado pela nova edição do relatório Materials Market Report 2025, elaborado pela Textile Exchange, não é o crescimento da produção em si. Reveladora é a composição desse volume, com o poliéster virgem respondendo por 59% da produção global.
O volume produzido de 71 milhões de toneladas de fibras de poliéster virgem para uso têxtil em 2023, para 78 milhões de toneladas em 2024. Expansão de 7 milhões de toneladas de um ano para outro, representando alta em torno de 10%. Dessa forma, a participação do poliéster virgem sobre o total produzido avançou de 57% em 2023 para 59%, em 2024.
Conforme o relatório, a composição da produção global com predominância do poliéster virgem reflete a opção da indústria da moda pela fibra de menor custo por quilo, ainda que menos sustentável.
Desde 2000, quando a produção global de fibras têxteis era de 58 milhões de toneladas, o volume mais do que dobrou até 2024. Mantido o ritmo, a expectativa da Textile Exchange é que o setor alcance 169 milhões de toneladas de fibras têxteis produzidas em 2030. “Embora o setor tenha assumido compromissos para se alinhar com o Acordo de Paris, limitando o aquecimento global a 1,5°C, tendências como a dependência da indústria por materiais sintéticos virgens à base de combustíveis fósseis e as limitações da reciclagem têxtil-para-têxtil ameaçam comprometer o cumprimento das metas climáticas do setor”, ressalta o relatório na abertura.
No total, as fibras sintéticas ((incluindo poliéster, poliamida e acrílico) representam 69% da produção total, consolidando a moda global em um modelo extrativista e poluente.
REVÉS
Principal fibra de origem reciclada empregada pela indústria têxtil, o poliéster reciclado teve participação reduzida, apesar do aumento no volume produzido. Responsável por 12,5% do total de poliéster em 2023, a participação recuou para 12% em 2024. Foram 9,3 milhões de toneladas de poliéster reciclado(rPET) produzidos em 2024, sendo que 98% feito de garrafas plásticas do tipo PET.
No geral, menos de 1% do mercado global de fibras era proveniente de resíduos têxteis reciclados de pré ou pós-consumo em 2024, informa o relatório.
O levantamento estima que o elastano reciclado represente em torno de 3% da produção total em 2024, enquanto a poliamida reciclada corresponderia a cerca de 2%. A lã teve a segunda maior participação em fibras recicladas em 2024, com cerca de 7% do total reprocessado. Para o algodão reciclado, a estimativa é de 1%. Mesma participação das fibras celulósicas artificiais (MMCFs) feitas a partir de matérias-primas recicladas.
Pelo relatório, as fibras naturais, como algodão, também perderam espaço. A produção de algodão virgem ficou estável em volume, cerca de 24,5 milhões de toneladas, em 2024. Mas sua participação no mercado global caiu de 20% em 2023 para 19% no ano passado.
As fibras celulósicas manufaturadas (MMCFs), como viscose e liocel, mantiveram participação em 6%. Já soluções de base vegetal (linho, cânhamo) e orgânicas permanecem com fração ainda muito pequena do volume total.
GRÁFICOS COM DETALHES
foto: capa do relatório Materials Market Report 2025




