A nova edição procura avaliar com o mercado os fatores que estão contribuindo para essa forte adesão ao denim com elastano
O uso do denim e sarjas com elastano no Brasil tem aumentado bastante nos últimos dois anos. Segundo estimativas do setor, 3 0% do volume total processado em lavanderias correspondem a peças de elastano. A quantidade equivaleria a cerca de 10 milhões de peças por mês, tomando como referência os dados do relatório GBLjeans Pesquisa.
Quais os elementos que contribuíram para esse aumento? De acordo com a avaliação das processadoras de jeans, a maior parte desse crescimento se dá devido ao aumento do uso de tecido com elastano em roupas masculinas. As tendências de moda, que apontam para calças ultrajustas, como a skinny e a slim, também contribuem para essa adesão. A busca pelo conforto que o filamento proporciona representa outro apelo que justifica seu uso nas confecções masculinas e infantis, embora o jeans com elastano ainda seja utilizado predominantemente nas coleções femininas, sobretudo em calças e bermudas.
A maior oferta de tecidos, a preços mais convidativos seria outro dos incentivos. “Na realidade, em decorrência de vários fatores, como a abertura do mercado e a conseqüente concorrência externa, o preço médio do denim baixou, assim como o do denim com elastano”, explica Iorrana Aguiar, coordenadora de marketing da Santana Têxtil.
Resistência do consumidor
Enquanto o mercado de denim com elastano é dominado pela confecção feminina, aos poucos, a masculina e a infantil vêm galgando espaço na criação de peças com esse material. Por enquanto, o consumidor masculino ainda guarda certo preconceito contra o filamento, por conta das roupas de praia e lingerie. “Para os homens, roupas com Lycra (marca do elastano produzido pela Invista) são peças femininas”, explica o consultor de moda do Senac, Fernando Aidar.
Explica-se: o elastano, filamento desenvolvido por uma equipe de químicos da DuPont em 1959, registrado como Lycra pela empresa (adquirida pela norte-americana Invista há três anos), passou a ser conhecido popularmente pelo nome lycra, num daqueles fenômenos da língua que transformam a marca em sinônimo do produto. Seja como for, tecidos com elastano ainda são fortemente associados com roupa feminina e sexy.
Daí, o preconceito que vem sendo combatido pacientemente pela indústria, que recorre ao conceito do conforto proporcionado por peças produzidas com tecido cuja composição contenha algum percentual de elastano, de valor agregado, ao invés de sugestões fashion. A julgar pelos percentuais, a estratégia tem dado certo, com perspectivas de a indústria virar o placar do jogo a favor dela, daqui a algumas estações.
Mais peças processadas
As lavanderias de jeans confirmam o avanço. A Lavamatic, do Ceará, processa 120 mil peças por mês, das quais de 20 a 30% contêm elastano na composição. Há cinco anos, esse volume não passava de 12 mil peças por mês, estima Alexandre DallOlio, proprietário da processadora. Ele credita o aumento principalmente à entrada das peças masculinas. É a mesma avaliação de Robson Ramos, do departamento de estilo da Staroup. Ele estima que 30% das peças trabalhadas pela empresa contêm o filamento.
Na Cavalcante, a proporção de peças com elastano atinge 60% do volume processado, informa Cristiane Fernandes Cavalcante, administradora da lavanderia. Atualmente, a empresa beneficia entre 150 mil e 200 mil peças por mês. A Energia estima que 20% das 100 mil peças que beneficia por mês tenham elastano na composição. Segundo Fabiana Nunes, encarregada da área financeira da empresa, esse volume manteve-se estável nos últimos dois anos.