Bangladesh quer Brasil na sua rota comercial

Mesmo sendo um dos maiores exportadores de têxteis do mundo, o país vende pouco ao mercado nacional e pretende ampliar o comércio de roupas prontas.

Ao analisar a balança comercial entre Brasil e Bangladesh, o saldo é favorável aos brasileiros, com exportações para aquele país de US$ 869 milhões, em 2014. De lá, importou o equivalente a US$ 178 milhões, e basicamente quase tudo – US$ 170 milhões – corresponde à venda de peças de vestuário, de acordo com dados da embaixada bengali no Brasil. Ao falar no primeiro dia do salão de negócios organizado na capital paulista a semana passada, o embaixador Mohamed Mijarul Quayes afirmou que o escritório local está empenhado em ampliar a pauta de têxteis comercializados para o mercado brasileiro, dando o suporte que for necessário às empresas que entabularem negociações com marcas nacionais.

Bangladesh é um dos maiores exportadores de roupas prontas do mundo, inclusive em denim, fornecendo por regime de PL (private label) para grifes européias e americanas, além de grandes varejistas de roupas, como H&M, C&A e Uniqlo. No Brasil, entre os expositores, a Riachuelo é citada como um importante cliente da área de denim, mais especialmente para a marca Pool. O embaixador Quayes avalia que Bangladesh precisa buscar novas rotas de comércio internacional para ocupar a capacidade de produção instalada e a América do Sul seria uma delas.

O país do sul asiático ganhou as manchetes do mundo em 2013 com a tragédia do Rana Plaza, edifício de oito andares que ruiu soterrando 1.127 trabalhadores de confecções que funcionavam no local. O embaixador afirma que os problemas do Rana Plaza são pontuais e que as condições que levaram ao desastre não representam a realidade da maioria das empresas do setor no país “que contam com instalações modernas de produção”. Segundo ele, Bangladesh conta com 5 mil fábricas e apenas 1% ou 2% têm problemas.

Movimento fraco
Com a economia brasileira em cheque, à espera das decisões em torno dos ajustes fiscais, incluindo aumento dos impostos sobre importação, e as oscilações do valor do real frente ao dólar, o público foi fraco, pelo menos no primeiro dia do evento, para conhecer as ofertas de quase cem expositores, entre confecções de vestuário, fabricantes de tecidos, aviamentos e produtos químicos que participaram da primeira edição de três salões de negócios: o BIAS (Brazil International Apparel Sourcing); o BIFS (Brazil International Yarns & Fabrics); e o Dye+Chen, organizados pelo o grupo CEMS Global. A maioria dos expositores era formada por empresas de Bangladesh, complementada por fornecedores de Sri Lanka, Paquistão e China.

Na área de denim, boa parte dos expositores trabalha com pedido mínimo de mil peças e outros estabelecem a cota básica de venda a partir de um contêiner com 5 mil peças. Os que participaram da feira na área de jeans não estão interessados em fornecer para o mercado de básicos. A intenção é atender marcas que disputam a faixa intermediária de preços para cima. No Sri Lanka, o perfil de comprador visado é semelhante.

Perfil do Sri Lanka
Com capacidade de produção de 25 milhões de peças por ano, a Haward Fashion confecciona roupas íntimas, para homens e mulheres, além de camisetas e pólos, entre outros produtos em duas fábricas, para marcas como a americana Tommy Hilfiger ou a italiana Intimissimi. A empresa participou da feira com apoio da agência de fomento à exportação (EDP) do Sri Lanka, país reconhecido como um importante centro de produção de vestuário para mercados desenvolvidos e como fornecedor confiável por adotar práticas corretas de produção, envolvendo pagar salário justo e desencorajar o trabalho infantil ou semelhante à escravidão para adultos.