Embora os indicadores de produção, receita e margem não tenham voltado à normalidade, os resultados do terceiro trimestre animam o fabricante.
Diante da suave recuperação refletida nos indicadores do terceiro trimestre, a Cedro avalia que o pior da crise passou e que a tendência seja de retomada nos próximos dois anos. “Para 2017/2018, não espero nenhuma grande ruptura, nem para pior nem para melhor. O crescimento continuará a ser gradual, ponto a ponto”, afirmou ao GBljeans, Marco Antônio Branquinho Junior, presidente da companhia.
Pelo cenário considerado, o executivo acredita que tanto a Cedro quanto o mercado deverão atingir patamares dentro da normalidade, sobretudo de níveis de produção, ao final de 2018. “Até lá, quando se encerra esse ciclo de baixa, teremos que viver com o cinto apertado”, concluiu. Geralmente, o terceiro trimestre sempre é o melhor do ano. E em 2016, para a Cedro, o desempenho melhorou de maneira considerável em relação a 2015, a despeito da base fraca de comparação.
BALANÇO DO PERÍODO
A receita líquida de vendas de bens e serviços da Cedro cresceu 45,4% entre julho e setembro atingindo R$ 146 milhões, contra os R$ 100,44 milhões registrados no mesmo período do ano passado. Sozinho, o terceiro trimestre respondeu por cerca de 40% do faturamento dos primeiros nove meses do ano, que somaram R$ 371,67 milhões, de acordo com o balanço financeiro divulgado pela companhia na semana passada.
As medidas consideradas duras tomadas desde o ano passado ajudaram a reduzir parcialmente o prejuízo líquido. O terceiro trimestre registrou perda de R$ 17,18 milhões, praticamente a metade do prejuízo de R$ 35,32 milhões contabilizados no terceiro trimestre de 2015. No acumulado do ano, porém, os resultados ruins do primeiro semestre contaminaram o balanço. De janeiro a setembro o prejuízo líquido somou R$ 68,63 milhões, aumento de 16,9% sobre os nove primeiros meses de 2015. “O último trimestre é naturalmente mais fraco para a indústria têxtil”, observa Branquinho.
FATORES DE INFLUÊNCIA
Ele aponta que a virada do câmbio, com a desvalorização do real frente ao dólar, ajudou os produtos brasileiros a serem mais competitivos no mercado internacional para o setor como um todo e também para a Cedro. No plano interno, com a demanda enfraquecida, a empresa reduziu o volume produzido, encerrando setembro 20% a menos do que fazia em 2014. Segundo o balanço, a produção girou em torno de 45 milhões de metros de tecido até setembro “Moda alavancou as vendas este ano”, diz o presidente da Cedro, que também fabrica tecidos para roupas profissionais, segmento que vem sofrendo bastante no Brasil.
Segundo o executivo, com moda, a empresa ampliou participação em mercados como São Paulo e Paraná, disputando com a oferta de produtos da família premium. Ele credita os sinais de melhora às coleções consideradas bastante assertivas já lançadas, com forte expectativa em torno do verão 2018, anunciado no início do mês em São Paulo.
Houve ainda medidas duras como o corte de pessoal e de investimentos. Em outubro de 2014, a Cedro empregava 3,9 mil funcionários, lembra Branquinho. Caiu para 3 mil em outubro de 2015 e subiu discretamente em outubro de 2016 para 3,1 mil profissionais, “que é compatível com o momento atual”, diz.
CERTIFICAÇÃO E RUMOR DE FUSÃO
Junto com a coleção do verão 2018, que começou a mostrar este mês, a Cedro divulgou que se tornou membro da BCI (Better Cotton Initiative), entidade criada em 2005 para fomentar as boas práticas no cultivo de algodão e que reunia 189 produtores brasileiros em 2015. Todo algodão que a empresa usa conta com o selo ABR, concedido pela Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão). Desse total, de 60% a 70% provém de produtores que também são certificados pela BCI.
Sobre os rumores de fusão com outras empresas do setor que recentemente ressurgiram no mercado, Branquinho informou que não há nada de concreto. “É óbvio que toda crise é um momento de oportunidade. Estamos sempre olhando (oportunidades) no melhor interesse da companhia e dos acionistas. Essa é minha obrigação. Eventualmente tem estudo, eventualmente fazemos contas. Mas nada de concreto”, afirmou.