Profissionais do setor analisaram as vendas de marcas para grupos investidores, avaliaram a crise financeira global e pontuaram a atuação no mercado
Empresários do setor de moda e fundadores de marcas nacionais se reuniram em um workshop para falar sobre os novos negócios da moda no Brasil, ontem, na capital paulista. A despeito da crise que contagiou o mercado financeiro internacional, todos que participaram do evento mantêm a confiança em relação a 2009 e acreditam que, por enquanto, a situação não afeta negativamente os negócios da moda brasileira. Prova disso, é que todos irão dar seqüência aos planos que envolvem negócios e gestão.
Para o workshop organizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), foram convidados cinco empresários do setor. Cada um deles contou suas experiências, falou de como é negociar a entrada na empresa de um grupo investidor, avaliou a economia da moda diante da crise econômica internacional e relatou como começaram suas carreiras.
Ao abrir o evento, o professor da FGV, Marcos Cobra, avaliou o marketing de moda como uma ferramenta de diferenciação, pela qual cada um quer ser único, citando filósofos e pensadores como Pierre Bourdie e Gilles Lipovetsky. Em seguida, Gabriel Felzenszwalb, CEO da InBrands (holding que controla as marcas Ellus, Alexandre Herchcovitch, Isabela Capeto e SPFW), apresentou a atuação da empresa no mercado de moda e avaliou futuro como incerto. Ressaltando: “Apesar de não termos reflexos ou dados oficiais de queda de vendas em 2008”.
Já o fundador da catarinense Tecnoblu, Cristiano Buerger, afirmou que os planos da empresa serão mantidos. “No início foi complicado, arrisquei e fui beneficiado no longo prazo. Consegui realizar meu maior objetivo que era abrir um escritório em São Paulo e também tenho participação confirmada na Bread & Butter em 2009”, destacou o empresário.
O diretor criativo da Forum, da Tufi Duek e da Triton, Tufi Duek, fez uma cronologia de suas marcas pontuando acontecimentos e fatos importantes dentro da história de cada uma delas, caracterizou o perfil dos consumidores de cada uma e explicou como foi vender suas marcas para o grupo AMC Têxtil. “Escolhi o grupo justamente por preservar a identidade das marcas. Minha preocupação é fazer com que a marca e o conceito cresçam. Também pude continuar fazendo o que gosto, que é a parte de criação. Optei por vender as marcas para priorizar a família e a vida pessoal”, conta Duek. Efeitos nocivos da crise não foram sentidos pelas grifes do grupo, tanto que a Forum acaba de anunciar a contratação de duas top internacionais para estrelarem a campanha do inverno 2009: a inglesa Kate Moss e a polonesa Daria Werbowy.
A fundadora da marca Le Lis Blanc, que tem ações negociadas em bolsa e é controlada pelo fundo de investimentos Artésia, Traudi Guida, contou como foi o início de sua carreira como empresária, como surgiu a marca e explicou que o contato estreito com as clientes é uma estratégia que contribui para o êxito de vendas. “Uma vez por semana, fico em uma das minhas lojas o dia inteiro. É ali que eu aprendo, analiso os negócios e o andamento da marca”, explica Traudi. Junto com os resultados do terceiro trimestre, a empresa informou que inaugurou 13 lojas entre 15 de julho e 13 de novembro, somando 31 lojas, cinco a mais que o originalmente projetado para o final de 2008.
O fundador da Ellus, Nelson Alvarenga, finalizou o workshop ressaltando o valor da experiência e da capacitação de funcionários. “Em relação à crise já estou calejado. Por estar há muito tempo no mercado, sei como enfrentar. A Ellus e a Inbrands querem profissionais jovens, com mentes brilhantes, que possam manter o posicionamento da marca e saibam inovar”, diz Alvarenga, que inaugura duas lojas até o final de dezembro e mantém a estratégia de abrir 30 lojas da 2nd Floor, entre 2009 e 2013.
O workshop foi realizado pelo Centro de Empreendorismo e Novos Negócios da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV- EAESP).
foto: GBLjeans
