Evento da Vicunha discute mercado do jeans

Em função da parceria com a C&A, em torno da Denim Special Edition, que começa a ser vendida na terça-feira, a tecelagem promoveu encontro para delinear novo panorama.

Para acentuar o início da venda da Denim Special Edition, a primeira coleção envolvendo parceria da Vicunha com a C&A, o fabricante brasileiro de denim e sarja promoveu ontem, 26 de março, encontro com diferentes agentes do mercado de moda para abordar o panorama atual do jeans. Segunda maior operação da C&A no mundo, com 290 lojas – a primeira é a Alemanha com cerca de 500 unidades –, a subsidiária brasileira da varejista enfatizou que jeans é o produto que a rede mais vende em todas as coleções.

Se essa é uma característica específica da operação brasileira, Cláudia Albuquerque, diretora de compras e produtos da C&A Brasil, não sabe dizer. Tampouco fala em volume de peças comercializadas, justificando tratar-se de uma empresa de capital fechado que não torna seus dados públicos. Ela explica que o lançamento da linha Denim Special Edition é parte do esforço em levar novidades para os consumidores da rede, especialmente as mulheres.

Como se trata de uma coleção com produtos especiais, de artigos mais nobres e efeitos sofisticados de lavanderia, as peças foram posicionadas em patamar mais alto de preços que os praticados comumente pela C&A. Por isso, também, a nova linha chegará, a partir de terça-feira, 31 de março, e ficará restrita a 61 lojas da rede e à recém-lançada loja virtual, conta Cláudia. “É uma forma de saber o acerto e a aceitação desse produto mais caro”, pondera a executiva. São modelos femininos e masculinos, vendidos na faixa entre R$ 69,90, uma camiseta de denim leve, e R$ 179,00, uma jaqueta.

Produção mundial
Mesmo com oscilações na capacidade de produção, ocorridas muito em função das mudanças na China, que fechou algumas fábricas, o mercado de jeans é um dos maiores do mundo. De acordo com o pesquisador e um dos organizadores da feira especializada em denim de Bangladesh, Sandeep Agarwal, a produção atinge 7 bilhões de metros de denim por ano, 70% dos quais concentrados em países da Ásia, especialmente a China. Pelos dados dele, o Brasil estaria situado como quarto maior produtor mundial de denim, depois de China, Índia e Paquistão.

Em termos de consumo, Agarwal avalia que sejam movimentados de 5,3 a 5,5 bilhões de peças por ano. Com a China também liderando nesse indicador. Os Estados Unidos ficariam em segundo lugar ao consumir 600 milhões de peças por ano; depois a Europa (500 milhões), seguida por Índia e Brasil. Ele estima o consumo brasileiro em 400 milhões de peças por ano. A edição de 2014 do Anuário GBLjeans projetou o consumo brasileiro em 620 milhões de peças confeccionadas com denim nacional, amparado por forte crescimento do mercado interno na última década.

Para disputar parte desse bolo mundial de negócios, a Vicunha vem investindo em ampliar participação internacional. De acordo com Thomas Dislich, diretor da companhia para Europa e Ásia, em 15 anos de mercado europeu, a empresa comercializou 100 milhões de metros.

Jorge Grimberg, consultor de moda, avalia que o momento do jeans é agora e que a maré virou o ano passado quando as marcas de luxo levaram modelos em denim para as passarelas. “É um momento muito forte para a indústria porque mais marcas de luxo têm usado jeans em suas campanhas de comunicação recentes, como Alexander Wang, Tom Ford e Valentino”, diz ele.